O presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) afirmou, em entrevista à Record na noite desta segunda-feira (29), que pretende conversar com o atual presidente Michel Temer para garantir a tramitação da Reforma da Previdência ainda neste ano. O capitão da reserva destacou que esse é um dos temas que serão discutidos com o atual governo a partir da semana que vem:
— Semana que vem, sim, estaremos em Brasília e buscaremos junto ao atual governo, de Michel Temer, aprovar alguma coisa do que está em andamento lá, como a reforma da Previdência. Senão num todo, em parte do que está sendo proposto, porque evitaria problemas para o futuro governo, que no caso, seria eu.
A afirmação de Bolsonaro contraria a fala de seu futuro ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM). O deputado federal afirmou, em entrevista à Rádio Gaúcha, que a "tendência" é de que um novo projeto seja apresentado no próximo ano – abandonando a proposta do governo Temer e pensando "a longo prazo".
Bolsonaro também confirmou que pretende convidar o juiz Sergio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba e um dos responsáveis pela Lava-Jato em primeira instância, para fazer parte do seu governo:
— Agora, como acabou o período eleitoral... se tivesse falado isso lá atrás soaria como oportunismo de minha parte. Pretendo sim, não só para o Supremo, mas quem sabe até para o Ministério da Justiça. Pretendo conversar com ele, saber se há interesse dele nesse sentido. Se houver interesse da parte dele, com toda certeza, será uma pessoa de extrema importância em um governo como o nosso.
O presidente eleito reforçou que a intenção de criar mais vagas no Supremo Tribunal Federal (STF) ficou no passado e que a afirmação foi desferida em outro contexto, onde ele entendia que essa seria a maneira de ter um tribunal isento.
— Ficou no passado realmente. Eu estava embarcando em um rumo, no meu entender, equivocado. Agora, domingo, conversei com Dias Toffoli. Chegando a Brasília, conversarei com o presidente do Supremo. E tenho certeza que teremos uma convivência harmônica.
Questionado sobre estabelecer diálogo com movimentos sociais, o presidente eleito disse que não pretende conversar com entidades como o Movimento dos Sem-Terra (MST), que, no entendimento dele, "invade e depreda" a propriedade privada.
Sobre impor "limites à imprensa', Bolsonaro disse que esse papel será desempenhado pelos leitores.
— Quem vai limitar isso vai ser o cidadão, na ponta da linha.
Sobre o Mercosul, Bolsonaro disse concordar com o entendimento de seu futuro ministro Paulo Guedes. O economista disse à imprensa que o bloco econômico não será uma das prioridades do futuro governo.