O Programa Banco do Esporte, projeto dos vereadores Felipe Gremelmaier (MDB) e Tatiane Frizzo (PSDB), foi criado com o principal objetivo de arrecadar calçados e materiais esportivos, destinados à prática de atividade física, para serem doados a projetos sociais do município. Aprovado em novembro pela Câmara, o projeto tornou-se lei após sanção pelo prefeito Adiló Didomenico no final de novembro. O programa pode ter um alcance social inegável, estimulando também a prática esportiva. O Centro Integrado de Pessoas com Deficiência (Cidef) é um exemplo de entidade que poderia ser beneficiada.
Com quase 30 anos de história, o Cidef é uma entidade focada no basquete, com mais de 15 atletas que participam de diversas competições, mas a entidade mantém integrantes que praticam outras modalidades, como natação, canoagem, tiro ao alvo e atletismo. A instituição também promove palestras e oficinas. Conforme explica o presidente, Diego Vieira, a ideia é incluir aqueles que possuem alguma deficiência física. No entanto, o trabalho torna-se mais complicado por não terem uma fonte de renda fixa.
— Hoje, a gente depende mais de um patrocinador máster, que está com a gente há mais de 20 anos. Também temos o apoio da prefeitura de Caxias e da UCS, que nos cede o ginásio para treinar. Mas, em 2025, eles vão começar a cobrar um pequeno valor mensal para utilizarmos o espaço, o que vai gerar mais um gasto para nós — colocou Diego.
O presidente — que também é atleta do time — ainda destaca que a manutenção das cadeiras e outros equipamentos tem um alto custo, e que fica na responsabilidade de cada integrante ajudar, o que prejudica o engajamento nas atividades do Cidef.
— Nenhum atleta paga para participar. O valor que recebemos do patrocinador, usamos para pagar o nosso treinador e a equipe de preparação. Então, a gente tem um processo de manutenção de cadeiras, essas coisas, e aí cada um tem que tirar do bolso. É um esporte muito caro, porque, como se trata de lesão medular (lesão na medula espinhal), de pessoas PCDs (Pessoas com Deficiência), tem que ter uma cadeira específica para cada tipo de atleta, então, gera gastos que fazem com que você não consiga competir — explicou Diego.
Com a criação do Banco de Esportes, Diego comentou que, com mais materiais, poderão promover mais atividades e trazer mais visibilidade ao Cidef.
— Eu acho muito bacana. Nos últimos anos, a gente vem lutando para se manter ativo, seja por falta de material ou por questões de logística. Então, se tivéssemos um material melhor, ou mais material, a gente conseguiria atingir mais gente e se tornar mais forte. Porque, como é um esporte paraolímpico, é muito complicado tirar uma pessoa de dentro de casa, no caso um cadeirante, ou uma pessoa com alguma doença de nascença, e convencer ela a fazer esporte, ainda mais um esporte coletivo onde tem muito contato. As pessoas meio que acabam desistindo de si no momento que elas caem numa cadeira ou sofrem algum acidente. Então, a gente tenta trazer e dar uma nova perspectiva e um novo formato de vida através do esporte, através da instituição. Só que a gente precisa de material para fazer isso — frisa o presidente.
Um alcance social para o material doado
De acordo com o secretário do Esporte e Lazer (Smel), Gabriel Citton, as doações de materiais já aconteciam em alguns casos através do Fiesporte (Financiamento Municipal de Desenvolvimento do Esporte e Lazer de Caxias do Sul), mas agora, com a criação do Banco, qualquer entidade que se inscrever no programa poderá ser beneficiada.
— A ideia é que seja doado qualquer material esportivo, depois a Smel faz a triagem e vê as entidades que serão beneficiadas. Se não tiver nenhuma entidade inscrita, nós vamos procurar as entidades. Exemplo: muitas escolas nos procuram pedindo material esportivo e a gente acaba ajudando. De uma forma ou outra, já acontecia essa forma de banco de material esportivo, porque a contrapartida de alguns projetos do Fiesporte era o oferecimento do material. E agora com essa questão do Banco, nós temos uma maneira ou um rito de organização com esse material doado. Essa é a ideia — explicou Citton.
A recomendação é que os materiais a serem doados estejam em condições de uso.
O que pode ser doado
Ainda não foi definido todos os processos de como deve funcionar o Banco, mas já é possível realizar doações na Smel, que está localizada na rua José Soares de Oliveira, 2557, bairro Pio X, com atendimento presencial das 10h às 16h. Poderão ser doados os seguintes itens (novos ou usados, desde que em bom estado de conservação):
- Tênis; Bolas; Capacete (ciclismo); Skate (capacete, luvas, cotoveleiras, joelheiras e caneleiras); Luvas esportivas; Meias esportivas; Cordas de pular; Chuteiras; Caneleiras; Óculos de natação; Roupas esportivas; Raquetes; Tênis esportivo; Touca de natação; dentre outros itens.