Adiló Didomenico (PSDB) foi reeleito matematicamente prefeito de Caxias do Sul para o período 2025-2028 às 18h07min. Foi o desfecho de uma tendência de crescimento iniciada no boletim de apuração para 15% das urnas apuradas, às 17h30min, quando Adiló tomou a dianteira do candidato Maurício Scalco (PL), que até ali sempre estivera na frente. Portanto, em 37 minutos, tudo se consumou e Adiló acabou reeleito.
Ao final, ao encerramento da apuração, com 100% das urnas apuradas, às 18h29mim, Adiló encerrou com 116.730 votos, ou 51,38% dos votos válidos, o maior percentual obtido por ele ao longo da apuração.
Scalco ficou com 110.476 votos, ou 48,62% dos votos válidos. Uma diferença pequena, de 6.254 votos, correspondente a 2,76% do total dos votos destinados aos dois candidatos. Ou 1,8% do eleitorado caxiense.
Adiló conquistou em segundo turno 52.193 votos a mais do que no primeiro turno. Ao longo da reta final da campanha, recebeu o apoio de PT e MDB, que lideraram chapas à prefeitura em primeiro turno, respectivamente com a deputada federal Denise Pessôa e o vereador Felipe Gremelmaier.
O PCdoB seguiu o caminho do PT, do “voto no 45 para derrotar a extrema-direita”. Já o PDT decidiu-se pela neutralidade, mas duas de suas principais lideranças – o presidente Rafael Bueno e o ex-prefeito Alceu Barbosa Velho – anunciaram que não votariam em Adiló. Bueno, inclusive, chegou a abrir voto para Scalco.
Para se ter uma ideia, Denise e Felipe obtiveram juntos 80.356 votos, volume que certamente entregou a maior parte dos votos adicionais para Adiló chegar aos 116 mil na votação decisiva. Só Denise obteve 61.684 votos no primeiro turno, indicando uma transferência significativa, junto com os votos que vieram de Felipe.
Adiló ainda pode ter conquistado votos junto ao eleitor que não foi votar em primeiro turno, mas as abstenções cresceram. Já os votos em branco ou nulos diminuíram em segundo turno, indicando que daí pode ter saído algum voto adicional para Adiló, porém a maior contribuição saiu mesmo de eleitores de Denise e Felipe.
Adiló chega a uma reeleição para comandar o segundo maior município do Estado, o que é um feito político, repetindo o façanha de 2020, fazendo a “conta de chegar”. Há quatro anos, ele foi para o segundo turno com apenas 15,45% dos votos válidos, o que lhe garantiu a segunda colocação, com magros 2.130 votos a mais do que o terceiro colocado, casualmente Edson Néspolo (à época no PDT), agora eleito vice-prefeito.
Na eleição de agora, Adiló voltou a chegar em segundo lugar no primeiro turno. Cresceu a votação, que correspondeu a 27,5% dos válidos, mas a diferença para o terceiro colocado, desta vez Denise Pessôa (PT), foi pequena outra vez, de apenas 2.853 votos. Quer dizer, seu desempenho fez a “conta de chegada” para alcançar o segundo turno. Como frisou Scalco ao longo da campanha deste ano, a maioria dos eleitores caxienses não escolheu Adiló. Mas ele arrancou de um cenário semelhante ao de 2020 para reconquistar a prefeitura. Não deixa de ser uma obra de engenharia política, que contou com votos de partidos de esquerda “para derrotar a extrema direita”.
Chance de entregar o que plantou
Com a reeleição à prefeitura, Adiló tem a chance de colher o que plantou no primeiro governo. O adversário Maurício Scalco (PL) até ressaltava no segundo turno que ele “entregou pouco”. Terá a chance de entregar agora.
São algumas as frentes que poderão sair do papel e ganhar forma: por exemplo, a ocupação da Maesa; a PPP (parceria público-privada) da Educação Infantil, para destravar o déficit de vagas, que é o principal gargalo da educação no município; o túnel para combater alagamentos entre as ruas Matteo Gianella, Carlos Bianchini e Luiz Covolan, com investimento de R$ 54 milhões; e o futuro Aeroporto Regional da Serra Gaúcha, que é obra federal, mas com iniciativas do município, que poderá sair do papel e começar a tomar forma.
Se concretizadas ações como essas, certamente terá marcado sua passagem pela prefeitura. Mas Adiló terá desafios e gargalos a resolver, como as filas na saúde, a gestão da UPA Central, tornar o transporte coletivo atrativo aos caxienses, o gargalo do trecho urbano da BR-116 e melhorar o cuidado e a limpeza da cidade.
O município não poderá tolerar passar mais quatro anos sem obras de vulto na infraestrutura, como um viaduto na Perimetral Norte com a BR-116, pelo menos. O transporte coletivo precisa de no mínimo uma estação de transbordo, mas deveria receber três.
Já a revitalização do Centro, a própria qualificação do transporte coletivo, soluções e propostas para a mobilidade e mais espaço para pedestres são pontos que não se inclinam a receber avanços, diante da falta de discussões e propostas mais ousadas do candidato Adiló em campanha. Sobre ciclovias prometidas, será ver para crer.