No primeiro turno, a dúvida era se o prefeito de Caxias do Sul, Adiló Didomenico (PSDB), chegaria ao segundo turno. Chegou com uma vantagem apertada sobre Denise Pessôa (PT): foram apenas 2.853 votos a mais. Por ironia, foram votos de Denise que caíram no seu colo e que foram decisivos para a reeleição na disputa com Maurício Scalco (PL), candidato do deputado Maurício Marcon (Podemos) e do ex-presidente Jair Bolsonaro.
Mesmo assim, foi com emoção: apenas 6.254 votos de diferença entre os candidatos caxienses. Isso indica que nem todos os que votaram em Denise e Felipe Gremalmeier (MDB), que recomendaram voto em Adiló, acompanharam a indicação para o pleito final. Foram 116.730 eleitores que escolheram a reeleição do prefeito — se somados os votos em primeiro turno de Adiló (64.537) e Denise (61.684), são 126.221 eleitores. Scalco cresceu de 89.260 votos para 110.476.
É a segunda vez que Adiló conquista a prefeitura de Caxias na carona da rejeição do adversário que chegou à frente no primeiro turno. Em 2020, Pepe Vargas (PT) fez 34,17% dos votos válidos no primeiro turno e Adiló apenas 15,45%. No segundo, a rejeição ao PT garantiu a vitória do tucano por 59,57% a 40,43%.
Passados quatro anos, o PT precisou escolher entre o prefeito que derrotou Pepe e um candidato de direita que defende tudo o que o partido de Denise combate. Mesmo com a posição de Adiló de renegar o apoio dos petistas, dizendo que queria “o voto das pessoas” (para se referir aos eleitores de Denise), o PT não ficou em cima do muro. Declarou “apoio crítico” ao prefeito para tentar impedir a vitória de um bolsonarista.
No segundo turno, Adiló jogou com o medo dos caxienses de que se repetisse o fenômeno Daniel Guerra, o outsider que em 2016 se elegeu com o discurso da negação da política, fez um governo desastroso e acabou sofrendo um processo de impeachment. Por ser Scalco um vereador sem experiência no Executivo, Adiló colou nele o rótulo de “aventura”, mas nem era preciso. Sua vitória se deu mais pela rejeição dos eleitores de Denise a um candidato bolsonarista do que pela campanha que fez ou pela avaliação da gestão na prefeitura, que não é das melhores.
Com mais dificuldades, Adiló repete o que fez Eduardo Leite em 2022, na disputa pelo Piratini. Ficou a frente do PT no primeiro turno por uma margem apertada, e venceu o candidato do PL no segundo turno. Leite foi eleito com 57,12% dos votos válidos de Onyx Lorenzoni, enquanto Adiló fez 51,38% contra Scalco.