Após quase três meses, chegou ao fim o Fala, Caxias!, programa que levou o prefeito Adiló Didomenico (PSDB) e seus secretários para encontros com a comunidade em 27 localidades da cidade. O objetivo era reunir-se com a população para ouvir demandas e apontar prioridades para a gestão. A última edição foi realizada na terça-feira (19), com a participação dos moradores de Samuara e Forqueta.
Segundo o chefe de gabinete interino e secretário do Meio Ambiente, João Uez, que foi escolhido como coordenador do programa, em média 20 pessoas apresentaram demandas ao microfone a cada encontro. A prefeitura também recebeu mais de 1,2 mil sugestões por escrito.
— Sabemos quais são as prioridades estratégicas, as diretrizes estruturantes da cidade que estão sendo encaminhadas. O Fala, Caxias! permitiu um olhar mais aguçado e específico sobre as questões locais, aparentemente menores diante do porte da cidade, mas que são o maior problema do mundo para aquele cidadão. Esse processo permitiu, dentre essas centenas de demandas, eleger as prioritárias e possíveis de serem solucionadas já em 2024. As 27 reuniões também possibilitaram prestar contas do que está sendo realizado, o que é um dever nosso — destacou Uez.
De acordo com o coordenador do Fala, Caxias!, a equipe da Coordenadoria de Relações Comunitárias trabalha, neste momento, na organização das contribuições por bairro e por secretaria. Uez explica que os servidores estão entrando em contato nos casos em que a sugestão não ficou clara ou legível, e unindo as demandas repetidas.
— Esse relatório está sendo repassado a todas as secretarias, órgãos e autarquias para que cada setor dê encaminhamento. O prefeito Adiló exigiu que ninguém pode ficar sem ao menos uma resposta.
Padrão nos encontros
No geral, todos os encontros seguiram um padrão de comunicação com a comunidade: o protocolo inicia com uma manifestação do prefeito, seguida da divulgação de alguma novidade para os moradores da região onde ocorre o encontro. Na sequência, um vídeo institucional é exibido — com cerca de 10 minutos, o material apresenta as realizações do Executivo desde o início do governo em todas as áreas — e então o espaço é aberto para manifestações dos presentes.
Ao longo dos encontros, houve ampla participação de vereadores — em especial os que integram a base do governo, como Elisandro Fiuza (Republicanos) e Lucas Diel (PDT), que também é líder de governo no Legislativo — e de presidentes das associações de moradores de bairros (Amobs) de cada região. Adiló destacou que fez questão de participar dos 27 encontros, para que pudesse dar um retorno "olho no olho" de cada cidadão.
— Esse contato direto permitiu que boa parte dos retornos às questões apresentadas fosse dado no próprio local, olho no olho. Agradeço pela maneira respeitosa e educada com que fomos recebidos e, em alguns casos, cobrados. Com esse mesmo respeito, vamos responder a todos. O que puder ser resolvido, será. Quando não for possível, temos o dever de pelo menos explicar o porquê — garantiu o prefeito.
O que puder ser resolvido, será. Quando não for possível, temos o dever de pelo menos explicar o porquê.
ADILÓ DIDOMENICO
Prefeito de Caxias do Sul
Segundo João Uez, iluminação pública e obras na cidade foram algumas das principais demandas apresentadas nos encontros, o que, para o secretário, confirma o "acerto" da prefeitura em realizar a parceria público-privada (PPP) da iluminação pública, além da renovação do parque de máquinas.
— O Fala, Caxias comprovou que, para o cidadão, nada é mais importante do que o problema que o afeta diretamente, na sua rua, na sua quadra — definiu.
Conotação política
Desde o início, se ventilou uma eventual conotação política do Fala, Caxias!, chegando a ser criticado durante sessão da Câmara em 26 de setembro por parte dos vereadores — o primeiro encontro foi em 28 de setembro, na Região Planalto. Essa avaliação ocorre em função do formato de comunicação e por ter sido iniciado no fim do terceiro ano de governo e a menos de um ano das eleições municipais de 2024. Entretanto, o prefeito Adiló garante que só não realizou os encontros mais cedo em função de a pandemia ter impedido aglomerações nos dois primeiros anos do governo.
— O Fala Caxias cumpriu totalmente o propósito para o qual foi criado: aproximar ainda mais a administração Adiló dos bairros e dos distritos, e conhecer mais a fundo demandas da população, principalmente os assuntos mais específicos, localizados. Era algo que gostaríamos de ter feito antes, mas durante os dois primeiros anos de governo, em função da pandemia, encontros como esses, com aglomeração, eram impossíveis — corroborou João Uez.
Momentos marcantes
A pedido da reportagem, o prefeito Adiló Didomenico e o secretário João Uez destacaram momentos marcantes de contato com a população ao longo dos 27 encontros.
- João Uez: "Um momento emocionante ocorreu no Santa Lúcia. Abrimos o encontro solicitando um minuto de oração em função do sequestro de um menino em Ana Rech. Mais tarde, o prefeito Adiló recebeu uma mensagem, pegou o microfone e informou a todos que a polícia havia encontrado o garoto. Todos aplaudiram, muitos choraram. Uma senhora que estava presente não resistiu ao choro, pois, como mãe, se colocava no lugar da família do menino."
- Adiló Didomenico: "Em Vila Seca, ao solicitar policiamento rural, um morador fez um relato que me emocionou muito. Ele colocou todas as economias do acerto que fez na empresa, ao se aposentar, numa moradia numa chácara. Ao vir a Caxias, para resolver alguns assuntos particulares, quando voltou tinham levado tudo da sua casa, literalmente feito a mudança. Foi de cortar o coração."