Com três anúncios em três encontros, a prefeitura de Caxias do Sul começa a exibir um padrão nas reuniões do recém-lançado programa “Fala, Caxias!”. A série de 27 audiências, agendadas semanalmente até dezembro, tem seguido um protocolo semelhante: manifestação do prefeito, divulgação de alguma novidade para os moradores da região onde ocorre o encontro, apresentação de vídeo institucional – com cerca de 10 minutos, que exibe as realizações do Executivo desde o início do governo em todas as áreas – e então o espaço é aberto para manifestações da comunidade.
No primeiro encontro, na região do bairro Planalto, em 28 de setembro, o prefeito Adiló Didomenico (PSDB) assinou o contrato para execução da remodelação do acesso ao bairro, na BR-116, que será feito pela empresa SUV Empreendimentos. Já os moradores dos bairros São Victor Cohab, Vitória, Vila Verde e Planalto demandaram a contenção de encostas em áreas de risco, pavimentação de vias, ampliação do atendimento nas UBSs, iluminação e solução de pontos de alagamento.
Na segunda edição, esta no bairro São Leopoldo, o Executivo anunciou a abertura da concorrência para implantar uma rede de macrodrenagem na Avenida Perimetral Bruno Segalla. A previsão é que a obra de 615 metros de extensão, orçada em R$ 7,7 milhões, resolva um problema de alagamentos e beneficie cerca de 30 mil pessoas. A comunidade reforçou o pedido por pavimentações e outras obras de drenagem, além de apresentar outros problemas de menor expressão da região. Foram cerca de 100 moradores dos bairros São Leopoldo, Salgado Filho, Santa Corona, Conquista, Santos Dumont, Vale Vêneto e Vila Libertá que participaram no Centro Comunitário do Loteamento Kahler.
No terceiro e último encontro, até o momento, Adiló levou aos moradores da região do São Ciro a notícia de que, a partir do próximo ano letivo, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Laurindo Formolo passará a funcionar em nova sede, junto ao antigo seminário dos padres paulinos, aos fundos da Igreja de São Ciro. O local de 7,5 hectares adquirido pelo município deverá ser liberado pelos atuais inquilinos até o final do ano. Desde que o prédio, no qual o colégio funcionou durante 30 anos, foi desativado em 2021, os alunos estudam provisoriamente no bairro Lourdes, no antigo prédio do Mutirão.
Sobre os próximos encontros, o prefeito adianta que, “quando tiver”, mais anúncios devem ser feitos aos moradores de cada região.
– Provavelmente não vai ter esse tipo de coisa em todos, mas sempre tem alguma coisa que diz respeito. Em Fazenda Souza, já vamos levar o que ficou definido com o governo do Estado sobre onde vai passar o traçado da ligação com o aeroporto e o que vai acontecer nos próximos meses. Sempre tem alguma coisa que a gente aproveita esse momento para dizer como vai acontecer – revela Adiló.
"Não podemos fazer tudo", diz prefeito
Desde o primeiro encontro, o prefeito Adiló tem mantido a mesma linha nas suas manifestações. Ele exalta a importância da participação comunitária nas ações e tomadas de decisões do governo e justifica que os encontros não foram organizados antes em função da pandemia. Além disso, Adiló argumenta que, mesmo com o objetivo de ouvir as demandas da população, a prefeitura não promete executar todas elas.
– Não podemos fazer tudo. Vamos definir prioridades. Todos vocês, que saíram de casa, merecem no mínimo uma resposta, uma explicação – disse o prefeito, no encontro na região do bairro São Leopoldo, no dia 3 de setembro.
Na linha de exaltar realizações, a prefeitura apresenta um vídeo institucional aos presentes, com cerca de 10 minutos, no qual são exibidas ações do Executivo em todas as áreas do governo. O foco do material é mostrar obras do sistema pluvial, de macrodrenagem e de saneamento, pavimentações, asfaltamentos e investimentos na área de Obras, em diversas regiões da cidade, além de melhorias na Saúde e na Educação. Já setores como Cultura, Lazer, Esporte e Turismo têm menos tempo de exibição e ganham pouco destaque no material.
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O mais importante é podermos catalogar os anseios da população.
Adiló Didomenico (PSDB): “Está sendo positivo no sentido de que a população tem a oportunidade de conhecer todos os secretários pessoalmente. E sempre levamos alguma informação relativa à região, do que vai acontecer. O mais importante é podermos catalogar os anseios da população. Normalmente, o que chega pra nós vem pelo presidente do bairro, pelo vereador, que é legítimo, é justo, mas o cidadão normal não tem essa oportunidade de se comunicar diretamente.”
Poderia ter sido mais articulado com as lideranças dos bairros para uma maior participação.
Rafael Bueno (PDT): “A participação popular é importante para que uma administração esteja envolvida com os anseios da comunidade. Caxias do Sul teve grandes e históricas obras do extinto Orçamento Comunitário. Passados quase três anos do Governo Adiló, o ‘Fala, Caxias!’ está assumindo um papel de escuta dos moradores e propaganda do governo. Poderia ter sido mais articulado com as lideranças dos bairros para uma maior participação.”
A população quer soluções, chega de ser ouvida nas demandas.
Rose Frigeri (PT): “É muito pouco o que o governo tem pra fazer agora, depois de três anos. Chamar a população um ano antes da eleição para falar ou prometer algo que nós (vereadores), através de indicações ou outras demandas, já havíamos comunicado, nada mais é que uma questão eleitoreira. É uma movimentação da máquina pública para iludir a população. Se até hoje o prefeito e os secretários não sabem o que a comunidade precisa, fizeram o que em três anos? A população quer soluções, chega de ser ouvida nas demandas."
Foi uma grande iniciativa do governo para ouvir a comunidade.
Lucas Diel (PDT): “Estou achando uma excelente experiência. Foi uma grande iniciativa do governo para ouvir a comunidade. É sempre bom se aproximar dos bairros, do povo. Uma proximidade com os bairros é muito importante. Para mim, que sou oriundo do movimento comunitário, é excelente estar em contato com o povo. O governo termina no final do ano que vem, qualquer momento é momento de estar próximo das pessoas. Está em tempo de ouvir a comunidade, sempre é tempo.”
A população precisa ser ouvida desde o primeiro dia de mandato, não faltando um ano para a eleição.
Maurício Scalco (Novo): “Não resta dúvida de que a população precisa ser ouvida desde o primeiro dia de mandato, mas não faltando um ano para a eleição. A população é convidada a participar, porém é submetida a assistir um vídeo institucional promovendo o Governo Adiló, anunciam uma obra, e abrem espaço para ouvir a população mesmo sem ter orçamento específico e previsto para atender as demandas. Existem milhares de indicações feitas pelos vereadores sem sequer uma resposta, o que já solucionaria muitos problemas da cidade.”