Na última quinta-feira (14/12), foi aprovado na Câmara de Vereadores de Caxias o projeto de lei que regulamenta o Plano Diretor de Transportes e Mobilidade Urbana, o Planmob, que determina as diretrizes que pautam os investimentos em mobilidade urbana a partir de agora. Essas novas regras geram boa expectativa no secretário de Trânsito, Transportes e Mobilidade Urbana, Alfonso Willenbring Jr., que passa a ter critérios para nortear as ações da pasta.
– Até então, sem o plano, se andava empiricamente, realizando atendimentos a demandas pontuais. Agora temos um plano que visa pensarmos a cidade independentemente de governo ou período político, por exemplo. Temos um planejamento para 10 anos com possibilidade de revisões periódicas. Porque a cidade é ativa, não temos um planejamento estanque. A gente vai executando agora conforme as possibilidades e acessibilidade financeira do município – explicou o secretário.
O Planmob foi elaborado pela empresa Urbtec e protocolado no Legislativo em 25 de outubro. Ele servirá como uma base para futuras ações públicas para a mobilidade urbana. Por isso, o documento tem planos específicos que abordam a acessibilidade, pedestres e calçadas, ciclomobilidade, transporte coletivo e as vias municipais. Ou seja, trará regramentos de como novas obras e projetos em cada setor podem ser desenvolvidas. Conforme lei federal, municípios com mais de 250 mil habitantes precisam ter o Planmob aprovado a partir de abril de 2024 para poder concorrer a verbas federais para obras desta área.
Dentro deste plano, estão apresentadas propostas para o desenvolvimento da mobilidade para curto, médio e longo prazo, que correspondem, respectivamente, a três, cinco e 10 anos. A prefeitura trabalha no momento com o planejamento das ações que serão executadas a partir de agora. Os estudos no momento são para definir quais os projetos prioritários para o Executivo, e quantos recursos precisam ser buscados com o governo federal ou financiamentos que podem ser realizados para determinadas intervenções.
– Não vou dizer que em janeiro ou fevereiro vamos começar a fazer isso ou aquilo. Agora temos um planejamento a ser seguido para a mobilidade do município. Tudo isso temos que correr atrás, fazer os projetos, orçar, contratar, e a partir daí buscar recursos. Temos projeto para possibilidade de implantação de 120 quilômetros de um sistema cicloviário. Nós vínhamos fazendo as coisas sem planejamento.
Primeiras ações
Com a aprovação do Planmob na Câmara, o caminho fica livre para a prefeitura estruturar os projetos, mas as primeiras alterações podem levar alguns meses para serem observadas.
– Não vou baixar uma determinação que os munícipes tenham que refazer suas calçadas, por exemplo. Agora temos uma modelagem nova para quem for implantar qualquer coisa nova no município, sim. Mas não posso simplesmente desmanchar o que existe e fazer tudo novo. Ao longo do tempo a gente verá a diferença de uma cidade planejada. Quando tu tens um planejamento, tu pode não ter o recurso, mas tu sabe para onde quer ir, e aí se parte para busca de recursos para onde quer chegar – detalha Willenbring.
O Executivo mantém conversas para investimentos de grande porte e busca possibilidades de financiamento, mas a secretaria ainda aguarda a sanção da lei pelo prefeito Adiló Didomenico (PSDB). As primeiras ações, entretanto, devem estar relacionadas à implantação de ciclovias e melhorias no transporte coletivo.
– Já estamos pensando em dar início a um sistema cicloviário, pensamos bastante seriamente e já se buscam meios pra isso. A gente já está buscando meios para implantação de uma troncalização norte-sul do serviço de transporte coletivo também. Temos que fortalecer o serviço de transporte coletivo, que também já está apontado dentro do planejamento. Temos que recuperar o serviço de transporte coletivo, porque ele não é bom só para quem usa, ele é bom para todo o município, e quanto mais pessoas utilizarem, melhor fica a mobilidade para todo cidadão caxiense. Tem algumas (propostas) que já vão ser postas em prática sim, mas que não acontecem de um dia para o outro ou de uma semana para outra. Vai se perceber alguma mudança lá no final do ano (que vem). Tanto os investimentos menores quanto os mais caros podem se tornar realidade em médio espaço de tempo.
A concepção da Júlio como rua é antiga. É uma modelagem bonita, que, se fechada aos veículos, não causaria quase nenhuma interferência
ALFONSO WILLENBRING JR
Secretário de Trânsito, Transportes e Mobilidade Urbana
Calçadão na Júlio será debatido
Uma das propostas do Planmob é ampliar a calçada na Avenida Júlio de Castilhos, entre as ruas Feijó Júnior e Alfredo Chaves. Isso implicaria o fechamento de uma das faixas da avenida, enquanto a outra seria compartilhada com os pedestres, transformando o trecho da Júlio em um grande calçadão.
Para o secretário Alfonso, esse projeto não depende apenas de recursos, mas precisa de uma discussão com a comunidade para que seja implementado.
– A sociedade tem receio do que não conhece. Quem consegue vislumbrar a Júlio de Castilhos sendo transformada em uma alameda, entregue ao cidadão e ao passeio público, tem uma percepção das coisas. Agora, tem muitas pessoas que entendem a Júlio como essencial para o transporte motorizado, e não é. Se tu queres não conseguir andar de veículo na cidade, tu entra na Júlio. Ela não anda, ela é parada. Nós temos, paralelas à Júlio, a Sinimbu de um lado e a Pinheiro Machado do outro, que aí sim são vias de fluxo intenso. A concepção da Júlio de Castilhos como rua é antiga. É uma modelagem muito bonita, que hoje, se fechada ao tráfego de veículos, não causaria quase nenhuma interferência (no fluxo).