Morto a tiros na última quinta-feira (29), no bairro Charqueadas, David da Silva Sutil, 28 anos, foi a 32ª vítima de assassinato em Caxias do Sul neste ano. Com isso, o mês de fevereiro chegou ao fim com 15 mortes violentas — em janeiro, a polícia registrou outras 17.
Mas se a escalada na violência nos dois primeiros meses do ano na maior cidade da Serra é atribuída a uma guerra entre organizações criminosas e disputa por território na cidade, a morte do Charqueadas não tem relação com essas disputas, segundo a Polícia Civil.
Sutil foi morto por volta das 17h, em uma casa na esquina da Rua dos Lírios com a Rua Presidente Venceslau. O que se sabe até agora é que o caso envolveu a vítima e outros dois homens que já estão identificados. Um deles, de 45 anos, foi hospitalizado depois de procurar atendimento médico com ferimentos graves na mão. O outro envolvido procurou a polícia e foi liberado, sendo que a participação dele no caso ainda precisa ser esclarecida.
— Praticamente descartamos qualquer tipo de envolvimento numa disputa de organizações criminosas. Acreditamos que seja fruto de questões pessoais, de divergências. Tanto que antes do crime houve uma discussão entre a vítima e esse homem que está hospitalizado (com ferimento na mão) — explica o titular da Delegacia de Homicídios de Caxias do Sul, delegado Caio Marcio Fernandes.
Conforme o delegado, a discussão começou na frente da casa de um dos homens.
— Nós temos dois contextos. O primeiro começou em uma rua próxima ao local do crime, e nesse ponto foram registrados dois disparos de arma de fogo por parte de duas pessoas. A partir daquele momento iniciou-se um deslocamento de veículos, com perseguição, pelas ruas do bairro, sendo que nesse segundo momento ocorreu um novo embate apenas entre dois homens. Nesse novo embate, um dos homens (Sutil) morreu e o outro homem (que está hospitalizado) teve parte da mão praticamente decepada. Temos as autorias, mas estamos investigando em que contexto aconteceu e a participação de cada um deles no crime.
Imagens de câmeras de segurança e filmagens de celular
Os policiais da Delegacia de Homicídios também estão em busca de imagens das câmeras de segurança e filmagens feitas por populares. Testemunhas relataram à Polícia Civil ter ouvido três disparos de arma de fogo. Ainda segundo a polícia, ao lado do corpo da vítima havia um facão sujo de sangue.
— A somatória de todos esses elementos do quebra-cabeça vai nos dar um panorama um pouco mais exato. Vamos conversar melhor com os peritos, comparar as versões com as impressões periciais e com os eventuais vídeos que vamos captar para esclarecer a participação de cada um deles e como foi a dinâmica do crime —ressalta o delegado.
Ainda conforme ele, a polícia precisa esclarecer se existe ou não legítima defesa, qual é a condição dessas armas que foram apresentadas, e se a pessoa que foi socorrida ao hospital realmente também pode ser entendida como vítima ou como executor.
Além do caso do Charqueadas, nos últimos dias aconteceram dois assassinatos na cidade. Rogério da Rosa Antunes, 43, foi morto a tiros na Rua Antônio Botto, no bairro Fátima, em 25 de fevereiro. Já no final da noite do dia 24 (sábado), a morte de José Monteiro da Silveira, 34, chocou a cidade. Ele foi atacado por um homem de 39 anos com uma faca enquanto passeava com o cachorro na Rua Sarmento Leite, próximo da Avenida Rio Branco, no bairro Rio Branco. O autor do crime está preso.