Uma pessoa disposta e dedicada à profissão. É assim que familiares e amigos descrevem o médico Guilherme de Oliveira Lahm, 34 anos, assassinado na frente da família em Caxias do Sul na noite desse domingo (27). O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios e a principal suspeita é de que o crime foi encomendado. A família relata que ele vinha sendo perseguido e ameaçado nas últimas semanas.
Criado no bairro Rio Branco, Lahm foi inspirado a ser médico pelos avós, que o incentivaram desde criança. Com o apoio do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), ele estudou Medicina na Universidade de Caxias do Sul e se formou em 2018.
— Eram um desejo dos nossos avós e ele lutou muito para conseguir. Era um sonho realizado, ele vivia para o trabalho e para os filhos. Não tinha quem ele não tentasse ajudar. Meu irmão era uma pessoa calma e muito solidária, muito dedicado à profissão, a este propósito — conta a irmã Iolanda Lahm.
Como médico, Lahm atuou na linha de frente contra a pandemia de coronavírus. Foi graças a estes atendimentos que decidiu abrir um consultório, onde ajudava quem lutava contra as sequelas da covid-19. Ainda assim, médico mantinha seus plantões no Hospital do Círculo e na Emercor, além de atendimentos em Farroupilha.
— A Medicina foi algo que ele conquistou com muita dedicação. Teve alguma dificuldade, mas contou com o apoio da família. Foi um esforço e uma dedicação muito grande de todos. Como primo, só tenho coisas boas a falar, e como colega de profissão mais ainda — conta o primo Ramon Venzon Ferreira, que se especializou na área de ortopedia.
Lahm era casado com Suelen Lahm, com quem teve dois filhos, Vicente, três anos, e Lorenzo, que completou o seu primeiro ano em janeiro numa celebração organizada numa casa de festas. Os três estavam dentro da caminhonete Ranger da família quando Lahm foi atacado por um homem armado, na Rua General Mallet, no bairro Rio Branco, no último domingo.
Naquela noite, Lahm, a esposa Suelen e a irmã dele, Iolanda, foram até os pavilhões da Festa da Uva para curtir um show sertanejo. Após, foram até a casa da mãe dele para buscar os dois filhos. Com ajuda da irmã, Lahm carregou as mochilas e colocou os dois filhos na cadeirinhas dentro da caminhonete. Foi neste momento que o assassino apareceu.
O homem armado chegou a pé, vindo da Rua Germano Parolini, via para onde estava virada a traseira da Ranger. O homem armado passou pela irmã do médico e efetuou dois disparos para cima. Depois, atirou contra Lahm — que foi atingindo no peito e ombro esquerdo. O médico tentou correr para dar a volta na caminhonete, em direção à porta do motorista, mas caiu em frente ao veículo e morreu no local.
— O meu irmão vinha sendo ameaçado há um mês, por telefone. Mandavam fotos (tiradas dele) dos lugares que ele estava (para mostrar que o perseguiam). Diziam que iriam matar ele, que era para ficar ligado. Foi mandado matar ele, não tenho dúvidas. Essas ameaças e (o assassino) foi direto nele e atirou para matar. Chegou na minha frente, deu dois tiros para me dispersar, e depois foi direto nele. Deu o primeiro tiro, meu irmão caiu, depois, pelas costas, deu outros dois tiros — relata a irmã Iolanda, que correu para o pátio da casa para se esconder.
O velório de Lahm acontece na Capela Cristo Redentor. Ele será sepultado às 11h de terça-feira (29) no Cemitério São Luis da 6ª Légua.