Morto a tiros na noite de domingo (27), o médico Guilherme de Oliveira Lahm, 34 anos, vinha sendo ameaçado por anônimos. É o que sustentam familiares dele à reportagem, que acreditam em assassinato encomendado.
Desde janeiro, Lahm passou a receber as ameaças anônimas, o que o levou até a apagar seus perfis nas redes sociais. Os autores das ameaças não foram identificados e a relação é investigada pela Polícia Civil.
As ameaças, segundo familiares, começaram a partir de um registro de violência doméstica contra o médico. Este relato à polícia não foi feito pela esposa de Lahm, a qual mantinha o relacionamento com ele e o acompanhou em um show sertanejo na noite do crime. Conforme parentes do médico, a ocorrência foi registrada em janeiro deste ano por um outro familiar.
A Polícia Civil confirma que um registro relativo à Lei Maria da Penha foi feito contra o médico no início desse ano, mas não divulga detalhes. O delegado Caio Márcio Fernandes, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), lembra que o boletim de ocorrência é "uma declaração, uma versão unilateral de alguma parte" e que, até por ser recente, ainda estava em investigação.
Por outro lado, o delegado Fernandes diz que as primeiras informações do homicídio apontam para um crime planejado por alguém que conhecia a rotina da vítima. Lahm foi até a casa da mãe para buscar os dois filhos quando foi atacado por um homem armado.
Segundo o relato dos familiares que testemunharam o crime, o assassino veio a pé da Rua Germano Parolini, para onde estava virada a traseira da Ranger vermelha do médico. Lahm estava na calçada, com sua irmã, após ter embarcado a esposa e os dois filhos, de um e três anos, na caminhonete. O homem armado passou pela irmã do médico e efetuou dois disparos para cima. Depois, atirou contra Lahm, atingindo-o no peito e ombro esquerdo. O médico tentou correr para dar a volta na caminhonete, em direção a porta do motorista, mas caiu em frente ao veículo e morreu no local.
— A linha principal é homicídio, afinal o veículo não foi subtraído, mesmo com a possibilidade. Não foi feito um anúncio de assalto ou levado qualquer outro pertence. O autor chegou a pé, o que pode sugerir que soubesse desta parte da rotina da vítima naquele dia. O momento foi muito pontual, oportuno, para o ataque. Por isso, imaginamos que tenha algum contexto que precisa ser esclarecido e estamos investigando — afirma o delegado Fernandes.
Na manhã dessa segunda-feira (28), os investigadores percorrem a Rua General Mallet e proximidades do bairro Rio Branco em busca de câmeras de monitoramento que possam ter filmado o crime. O único relato sobre o assassino é que ele era um homem de estatura baixa. A suspeita é ele tenha utilizado um revólver para o crime, mas o calibre ainda não foi esclarecido.
Um ponto que chama atenção da investigação são os dois disparos para o alto feitos pelo assassino antes do ataque. O movimento sugere um aviso. Uma hipótese é que estes tiros foram feitos para afastar a irmã de Lahm e a família dele que estava dentro da caminhonete no momento do ataque.
— Nos causa uma certa estranheza (os tiros para o alto), pois não costuma ser uma prática comum, justamente por alertar a vítima e possibilitar uma possível reação — afirma o chefe da Delegacia de Homicídios.
O delegado Fernandes evitou comentar sobre a recente denúncia de violência doméstica contra o médico ou as supostas ameaças que o médico estaria recebendo desde então, conforme relatado por familiares da vítima.
— Temos um relato neste sentido (de violência doméstica), mas a vítima não possui nenhum antecedente. Claro, faz parte das nossas linhas de investigação. Iremos analisar todo histórico de vida deste médico para ver se existe alguma relação social que pudesse ter algum tipo de atrito ou desentendimento com alguém — resume.
O velório de Lahm acontece na Capela Cristo Redentor. Ele será sepultado às 11h de terça-feira (29) no Cemitério São Luis da 6ª Légua.