A Associação dos Amigos de Nova Roma do Sul promoveu um encontro na noite de quarta-feira (11) para apresentar o cronograma de reconstrução da ponte que liga o município à Farroupilha pela RS-448. Levada pela cheia do Rio das Antas em 4 de setembro, a estrutura era a principal ligação entre os dois municípios, e é considerada essencial não apenas para a economia, mas para serviços básicos como saúde e educação.
Segundo o presidente da instituição, o empresário Tranquilo Tessaro, a expectativa é começar a obra entre o final de novembro e o começo de dezembro, sendo que todas as etapas técnicas serão respeitadas. Ele explica que cinco engenheiros acompanham os trabalhos, e que nada será feito sem laudos e apontamentos que garantam a viabilidade técnica da obra. O prefeito de Nova Roma do Sul, Douglas Pasuch, também afirma que os pilares da ponte que foi levada pela chuva foram inspecionados por um engenheiro. Segundo Pasuch, o profissional garantiu que a estrutura está intacta.
O encontro da quarta reuniu cerca de 120 pessoas da comunidade, no salão paroquial da igreja matriz de Nova Roma do Sul. Inicialmente, o secretário da associação, o padre Gerson Bartelli, conduziu os trabalhos. Ele apresentou os objetivos da associação, que além da reconstrução da ponte, pretende organizar eventos beneficentes voltados à comunidade.
Na sequência, o presidente Tessaro apresentou o cronograma do projeto. Segundo ele, as primeiras peças de aço devem ser entregues em Nova Roma no começo do mês de novembro. A associação pretende arrecadar R$ 6 milhões, sendo que 20% desse valor já foi obtido, segundo Tessaro.
Ele afirma que a entidade trabalha em duas frentes: com uma equipe de engenheiros que analisa a viabilidade de erguer uma nova passagem sob o mesmo pilar da antiga ponte, e outra na arrecadação dos recursos. Tessaro acredita que, apesar da chuva acima da média, será possível cumprir o cronograma:
— A gente vai seguir todas as regras com responsabilidade, vamos fazer todos os laudos e anexar todos os testes que os engenheiros estão fazendo. É uma coisa de cada vez, e eu acredito que, no início de novembro, a gente começa a ter algum material lá no local onde estão os pilares. Estamos comprando os materiais e uma empresa de Marau já está elaborando o material do aço —afirma.
Tessaro frisa que os trâmites legais para a reconstrução serão respeitados, e, para isso, a associação conta com o trabalho de ao mesmo cinco profissionais de engenharia.
— Nós temos cinco engenheiros trabalhando nos estudos técnicos e já foram feitos laudos. Temos engenheiro civil, engenheiro de projeto e engenheiro de execução. A expectativa é boa, e nós não vamos fazer nada que não seja assinado por um profissional da área de engenharia.
Além disso, o trecho da antiga ponte até então é responsabilidade do Estado. Porém, o Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) deve alterar o Sistema Rodoviário Estadual no segmento da RS-448 para o local onde será instalada a nova ponte estadual. Assim, o trecho de 122 metros onde havia a antiga ponte passará a ser incluído no sistema viário municipal de Nova Roma do Sul.
Ponte temporária
A estrutura ficará no mesmo local da que foi levada pela enchente do Rio das Antas em 4 de setembro, com previsão de conclusão entre o fim de janeiro e o início de fevereiro de 2024. Além de passar pelo mesmo trajeto da ponte de ferro, a obra privada vai reproduzir o estilo da antiga construção, datada de 1930.
A intenção do grupo é que a obra se torne um ponto turístico no futuro, quando a ponte definitiva, a ser construída pelo governo do Estado, for concluída. Antes disso, a estrutura deve atender a uma necessidade importante do município: o escoamento da safra da uva, a partir do fim de janeiro.
Engenheiro de Sindicato faz alerta
O engenheiro civil e vice-presidente do Sindicato da Indústria da Construção de Estradas, Pavimentações e Obras de Terraplanagem (Sicepot-RS) e do Sindicato dos Engenheiros (Senge-RS), Cylon Rosa Neto, alerta para o projeto de uma ponte provisória. Segundo ele, apesar da boa intenção da sociedade, erguer a passagem na mesma base da anterior deve ser melhor avaliado, já que o pilar pode não suportar a construção:
— (A ponte) entrou em colapso em razão de um esforço horizontal causado pela elevação da água do Rio das Antas porque foi submetida a esforços não previstos no projeto original. Temos o colapso da estrutura e não existe a possibilidade de simplesmente recolocar uma estrutura em imagem semelhante daquela no mesmo local porque se desconhece a condição do esforço que aquela pilar foi submetido e se as fundações estão aptas a receber uma ponte novamente.
Já o prefeito de Nova Roma do Sul, Douglas Pasuch, ressalta que o sindicato não vistoriou a estrutura, e portanto, não tem como afirmar que os pilares apresentam risco. Ainda segundo, ele, foram repassados dados técnicos como a vasão do Rio das Antas à entidade. Além disso, ele garante que os pilares da estrutura anterior foram inspecionados por um engenheiro.
— Um engenheiro fez a inspeção e nos disse que os pilares estão intactos. Nós temos todos os laudos — garante ele.
Setor privado pode assumir obra pública
A assessoria do Ministério Público (MP) esclarece que, geralmente, há duas formas de contratar uma obra pública. No primeiro caso, com recursos públicos, o ente pode realizar a construção ou terceirizar. Quando trata-se de uma contratação de pessoa jurídica com fins lucrativos, é necessário realizar uma licitação.
O segundo caso envolve uma terceirização com organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, em que é possível celebrar uma parceria. Neste cenário, como explica o MP, a entidade deve ter finalidade existencial "afinada com o objeto da parceria" e deverá ser realizado o chamamento público para a seleção - o que pode ser dispensado em caso de emergência. A ponte provisória surgiria deste segundo cenário.