Anderson Luiz de Carvalho ganhou o torcedor do Juventude rapidamente. Nenê, como ficou conhecido no mundo da bola, esbanja carisma por onde passa. Sempre sorridente, o "garotinho" alviverde está atuando pela primeira vez no Campeonato Gaúcho. Aos 42 anos, ele pretende se aposentar ao fim da temporada, mas este planejamento já foi adiado ao fim de 2023. No ano passado, o atleta tinha a intenção de pendurar as chuteiras, mas mudou de planos após o acesso à Série A com Juventude.
A partida de ida da final do Gauchão, no último sábado, no Estádio Alfredo Jaconi, marcou o jogo mil da carreira de Nenê. O confronto terminou empatado em 0 a 0 e o Juventude buscará o bicampeonato no próximo sábado (6), às 16h30min, na Arena, em Porto Alegre. O jogador quer ser campeão para coroar os mil jogos.
— O jogo está bem aberto. Foi um jogo mais truncado do que a gente pensava. Tentamos o gol, mas não tivemos muitas chances claras. O time deles também estava bem posicionado. É um time muito perigoso na transição. Tem jogadores muito rápidos e qualidade técnica também. Tanto que estão acostumados a disputar finais. A gente vai jogar com mais concentração ainda no próximo jogo. E tentar fazer mais essa façanha de conquistar mais um resultado positivo e definitivamente ficar na história do Juventude — declarou Nenê.
Não é a primeira vez que o técnico Roger Machado trabalhou com Nenê. No Fluminense, a dupla trabalhou junta em 2021. A diferença de idade entre os dois é pouca. Apenas seis anos separam o comandante do comandado. A diferença é que Roger parou de jogar em 2008, aos 33 anos. O técnico não poupa elogios ao seu atleta, que está sempre motivado para treinar.
— Eu digo que o Nenê economizou energia, jogou 15 anos fora do Brasil. Quem joga fora do Brasil guarda o corpo. Então fisiologicamente o Nenê tem por volta dos 35 anos. Eu passei recentemente de mil eventos também, mas juntando jogador e treinador, ele conseguiu mil eventos só no campo, tem que tirar o chapéu. Ele quer estar sempre atuando e não gosta de sair, às vezes faz uma malcriação quando sai, mas eu admiro. Eu me recordo quando eu parei de jogar, eu me fiz a pergunta, cara, o que que me fazia acordar todo dia para trabalhar, para treinar, jogar cinco vezes seguidas, com chuva, sol, frio, calor e dor. Ele é resiliente — declarou o treinador.
MIL JOGOS, FINAL E 284 GOLS
Nenê já defendeu 15 equipes na carreira. Com passagens por São Paulo, Vasco e PSG, ele mantém a mesma humildade. Na partida contra o Guarany, em Bagé, pelas quartas de final do Gauchão, durante o aquecimento atrás de um dos gols, o atleta tinha seu nome gritado pelos jovens. No intervalo das atividades, ele ia até o alambrado tirar fotos com as crianças. Mesmo não sendo titular na temporada de 2024, o atleta tem uma importância muito forte nos bastidores do Jaconi.
— Exercer minha liderança, minha experiência. Deixar o ambiente mais leve. Treinar, dar o máximo de mim. Então, dar esse exemplo dentro do dia e fora do campo é como a gente tem feito. Unir o grupo cada vez mais. Deixar o ambiente leve, saudável. Mas claro, com a responsabilidade de uma grande final. E eles saberem que a gente pode estar diante de um momento único. Em tantos anos de história do clube. Pode ser só o segundo título do clube — comentou Nenê.
Ao longo dos mil jogos na carreira, o atleta marcou 284 gols. Pelo Juventude, ele balançou as redes sete vezes na temporada passada. Em 2024, o meia-atacante ainda não deixou a sua marca. Faltam 16 gols para o atleta chegar aos 300. Ele admite que não tinha pensando nesta marca.
— Isso seria incrível. Eu vou te falar. Eu gosto desses desafios. A gente tem a Série A. Com certeza a Série A é difícil. Mas por que não? Não que meu foco será esse. Mas seria incrível se eu conseguisse chegar nessa marca. Acho que poucos jogadores da minha posição, poucos meias, têm esse número. Então, quem sabe? Série A aí chegando. Falta 16? Vamos embora. Vamos tentar — declarou o atleta.