Não existe receita certa para vencer no futebol. Mas há ingredientes que, se colocados em seu devido tempo, podem fazer o time andar. A mescla entre garotos e atletas experientes parece sempre estar presente nos momentos de maior conquista no esporte. E é preciso escolher o cara certo para transmitir todo seu conhecimento aos jovens que estão surgindo.
Na Série B de 2020, o técnico Pintado apostou suas fichas em Renato Cajá para ser o diferencial técnico e comandante do time. Três anos depois, a mesma responsabilidade recai sobre Nenê, aos 41 anos. O ex-jogador do Vasco deixou sua marca na vitória sobre o Guarani não apenas ao balançar a rede de Pegorari, mas também ao acrescentar experiência ao time que contou com o garoto Gehring, de 17 anos, pela primeira vez entre os titulares.
— É uma das coisas que tenho que dar ao máximo. Estou 100% focado em ajudar o time não só dentro de campo, mas fora também. O que os meninos precisarem podem conversar comigo, dou esta liberdade para eles contarem comigo — revelou o camisa 77.
E o volante da base soube aproveitar o espaço no elenco deixado pelas recentes lesões de Jean Irmer, Emerson Santos e Wesley Hudson. Gehring foi chamado do time sub-20 pelo técnico Pintado.
— Foi tudo muito rápido, mas estava bem preparado. Tenho que agradecer ao Pintado pela confiança e orientação que me passa, ao grupo que me recebeu muito bem, e aos mais velhos, por fazer uma boa partida — apontou Gehring.
Exemplo de casa
Nenê tem um filho que, com a mesma idade de Gehring já jogava futsal. O sonho do meia sempre foi atuar junto com Lucas Rodrigues, mesmo pai e filho praticando esportes diferentes.
No Juventude, Nenê tem a chance de orientar as novas promessas da base para que despertem para o esporte com a orientação de quem conhece os caminhos do sucesso nos gramados.
— Foram dias difíceis, pois o time estava chateado, lutamos muito para ganhar o último jogo. É hora de entrar e dar tranquilidade. O time é novo, dar confiança aos meninos. A união é a principal característica para sair dos momentos difíceis— garantiu Nenê.
Gehring foi titular da equipe sub-17 que conquistou o Campeonato Gaúcho, em 2022. Camisa 5 de ofício, o jogador foi peça importante na conquista do time de Filipe Dias. Além dele, outros garotos da base alviverde começam a ganhar minutagem na Série B. Companheiro de Gehring no sub-17, o atacante Ruan vem entrando nos jogos e marcou um gol, na estreia da equipe, diante do Botafogo-SP.
— Não é fácil você jogar um jovem dentro de um jogo difícil como este, com o peso que a gente tem. A gente faz trabalhos de integração com a base, observando que às vezes muitas das soluções estão dentro do Juventude, e a gente acaba, por necessidade, tendo que buscar. Os jovens estão ganhando espaço primeiro porque a responsabilidade não é deles, é minha. Precisamos deixá-los cômodos e depois, jogando ao lado de Nenê, Jadson, Mandaca, Boza, fica mais fácil — destacou o técnico Pintado.
Inspirado em Nenê e tendo que substituir o titular da posição, Jean Irmer, que estava lesionado, o jovem Gehring, às vésperas de comemorar seus 18 anos, no dia 9, é mais um entre tantos jovens que começam, timidamente, a trilhar um caminho que só o futuro dirá onde vai parar.
E questionado pelo próprio treinador, na coletiva pós-vitória sobre o Guarani, se quer continuar entre os titulares, Gehring não titubeou.
— Lógico que quero jogar (risos). Tive que substituir o Jean Irmer que é um baita jogador e que me espelho também. Recebi esta oportunidade e pude aproveitar, mas eu quero mais, estou planejando sempre mais.
