No domingo, as Esmeraldas escreveram um capítulo inédito na história do futebol feminino do interior. No Campo da Fras-le, em Caxias do Sul, o Juventude conseguiu um empate com o Inter em 1 a 1, pela quarta rodada do Gauchão. Pela primeira vez, desde a reabertura do departamento colorado, o time porto-alegrense perdeu pontos para um time do Interior no Estadual. Antes, eram apenas cinco empates e uma derrota para o Grêmio.
No entanto, desde que retomou as atividades no futebol feminino até o último domingo, muita coisa aconteceu no Juventude. Em 2021, por exemplo, as gurias disputaram o Estadual com um time praticamente sub-17 e terminaram a competição na lanterna do Grupo B, com apenas um ponto somado.
Diante deste mesmo Inter, as Esmeraldas sofreram duas goleadas na última temporada. Em Caxias do Sul, na estreia, perderam por 8 a 0. Após, em Porto Alegre, sofreram 13 a 0. Cerca de um ano depois, veio o empate histórico, em uma campanha irretocável. Daquele elenco, seguem no Ju apenas: a meio-campista Heid, a atacante Isa Padilha, a lateral Gabi Rech e a volante Michele — das quatro, a única que esteve em campo nestes três embates com o Inter.
— Acredito que é no trabalho que a comissão faz de confiar em nós (que vem os resultados). Somos um grupo muito unido, e independente se erramos ou não, estamos ali para nos apoiarmos. Acho dos 13 a 0 para agora, tem o trabalho, o grupo também, a dedicação. É isso — explica a volante, que complementa falando sobre o jogo de domingo.
— Sabíamos que a concentração tinha de ser num nível alto porque o Inter é um time muito forte, mas é tudo mérito da equipe. Vínhamos de uma semana forte de treinos e estou feliz por ter ajudado.
De 2021 para cá, praticamente tudo mudou no departamento feminino do Juventude. A começar pela comissão técnica. A ex-atleta e campeã pelo clube Renata Armiliato assumiu o departamento. Ela trouxe Luciano Brandalise para ser o treinador e Cristian Giacomoni para preparador físico. Gabriel Rossano, que já era preparador de goleiros na última temporada, seguiu no clube. Enquanto Rodrigo Pizzamiglio foi contratado como analista de desempenho.
Esta foi, no entanto, apenas uma das muitas mudanças. Em 2022, as gurias também começaram a jogar com público. Depois de um 2021 com portões fechados em todas as partidas que disputaram como mandantes, as Esmeraldas tiveram o torcedor ao lado já na estreia do Brasileirão A-3, contra o Flamengo de São Pedro. A temporada ainda passou pelo primeiro jogo delas no Alfredo Jaconi, com 1.027 pessoas nas arquibancadas — o maior público de um time do Interior no Gauchão desde 2018, quando a FGF começou a divulgar os borderôs.
Dentro de campo, o Juventude também foi ao mercado e trouxe atletas profissionais para mesclar com o grupo sub-20 que havia disputado o Brasileirão da categoria. A média de idade do elenco, agora, é de 21 anos. A goleira Renata May, por exemplo, que foi campeã gaúcha pelo Grêmio em 2018, sagra-se como grande destaque alviverde no Estadual. Em nove jogos, foram apenas quatro gols sofridos. A melhor média entre todas as goleiras que já vestiram a camisa alviverde desde a reabertura do departamento: 0,4 gols por partida.
Agora, elas já estão classificadas às semifinais e têm a maior sequência invicta de um time do Interior no Gauchão: oito vitórias e dois empates em 10 jogos. Além de 41 gols marcados e apenas quatro sofridos. As Esmeraldas ainda terão um compromisso antes dos mata-matas, no próximo domingo (16), às 15h, contra o Grêmio, no Estádio Vieirão, em Gravataí. Desde que reabriu o departamento, o Tricolor também nunca perdeu pontos para uma equipe do Interior no Estadual.