Os números são estarrecedores. Setenta crianças foram mortas com violência intencional no Rio Grande do Sul em 2023. Os dados de 2024 ainda estão sendo fechados. A cada cinco dias, portanto, uma vida foi interrompida, muitas vezes por familiares ou pessoas muito próximas dessas vítimas. Foram notificados ainda 3,5 mil estupros de vulneráveis, 480 abandonos, 2,4 mil casos de maus-tratos. Tudo subnotificado. É triste, é desolador.
O Ministério Público está agindo para tentar diminuir esses índices. O procurador-geral, Alexandre Saltz, falou na Rádio Gaúcha sobre os projetos Sinais e o Mãos Dadas, que serão prioridade em 2025 exatamente para combater esse tipo de crime.
A complexidade é ainda maior do que os casos de violência contra a mulher que, sabemos, muitas vezes acontecem entre quatro paredes, sem que as pessoas notem que há um problema que precisa ser combatido. As mulheres, mesmo com medo, muitas vezes conseguem dar os sinais e pedir ajuda ou denunciar. Com crianças, a situação é muito mais complicada. A não ser que os vizinhos ou familiares notem, a criança segue sendo vítima de quem deveria cuidá-las.
A Patrulha Bernardo foi idealizada pelo MP, em parceria com a Brigada Militar e Secretaria da Segurança Pública, e vai contar com dinheiro de emendas parlamentares para ter 12 viaturas exclusivas para cuidado de crianças vítimas de violência. A expectativa é de que o serviço comece em março de 2025. As cidades contempladas serão escolhidas com uma série de critérios, entre eles as cidades com mais ocorrências. O nome, é claro, é uma referência ao menino Bernardo Boldrini, morto em 2014, aos 11 anos, em Três Passos.