A partida entre Brasil e Turquia, pelo handebol feminino, contou com a torcida de 17 alunos da Escola Estadual Especial de Ensino Médio Helen Keller. Eles acompanharam atentamente cada movimento em quadra na tarde de quarta-feira (4), no Ginásio da UCS. Os pequenos estavam juntos de seus professores e vivenciaram um momento único da 24ª Surdolimpíada. A diretora Natacha Soares Perazzolo, 48 anos, avalia o evento como uma grande oportunidade de ampliar os conhecimentos:
— Esse momento é muito especial, pois a gente não sabe quando será a próxima vez. Estar participando de tudo isso é um momento ímpar. Eles estão tendo a oportunidade de ampliar o conhecimento, ter contato com outras culturas, as escolas estão fazendo projetos, como o cardápios de outros países. Eles estão muito atentos e motivados, movimentando as mãos. A gente vê que eles estão admirados. Eles querem cada vez mais participar.
Com auxílio da intérprete Ana Lúcia Gil Terres, coordenadora pedagógica, Natacha contou que alguns alunos se surpreenderam ao descobrirem que a primeira edição dos Jogos foi realizada em 1924.
— Algumas (crianças) nem sabiam que existia Surdolimpíada. Fizemos uma linha do tempo com resgate histórico. Eles viam na TV as dos ouvintes e paralímpicos. Eles perguntam: como foi criada há tanto tempo e não teve divulgação? Só agora? Eles perguntam se é preconceito com os surdos. Mas é importante agora ter essa visibilidade — expôs a diretora.
Os pequenos Guilherme Schuler da Silva, Vitória da Costa Lutz e Anna Clara dos Santos Nascimento estavam animados na arquibancada. Uma leve timidez apareceu na hora de falar sobre a partida de handebol, mas, com a ajuda da coordenadora pedagógica, eles expressaram o sentimento de acompanhar as Surdolimpíadas.
— Sim, estou gostando, é minha segunda vez aqui vendo. Muito feliz de ver o Brasil. A gente foi nos Pavilhões visitar também — disse Anna, 9 anos, acompanhada da intérprete.
Enquanto comentava brevemente, os três não tiravam os olhos de quadra. No exato momento, as meninas do Brasil fizeram um gol e Vitória não segurou a emoção:
— É o Brasil, mais um do Brasil — pulou Vitória ao comemorar o gol, contou a intérprete Ana Lúcia.
Em fala com a professora, Guilherme estava preocupado com o placar. O Brasil perdia por 19 a 7. O pequeno afirmou que não daria tempo para virar o jogo.
A Escola Helen Keller tem 62 anos e conta com 38 alunos. A direção também levou ao ginásio um jovem torcedor. Theo Martins Pacheco tem quase dois anos. Ele faz parte do projeto "Libras em Ação", que acolhe famílias de crianças de zero a três anos. Para ele, o jogo ficou em segundo plano, o pequeno só queria brincar.
Antes do jogo, a diretora deixou um pedido especial à comunidade de Caxias do Sul.
— Queria pedir para dar visibilidade à Língua de Sinais, não para falta de comunicação. Quero que tenha mais Língua de Sinais nos bares, restaurantes, hospitais e queria que a comunidade divulgasse mais a nossa escola. Ela tem 62 anos e parece que ninguém sabe que existe. A Surdolimpíada está servindo também para mostrar que existimos —ressaltou Natacha Soares Perazzolo.
Escola Helen Keller
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