Das 79 delegações que participarão da 24ª Surdolimpíadas de Verão, oito já estão em Caxias do Sul para a abertura oficial que ocorre neste domingo (1). Até o final da tarde desta terça-feira (26), sul-coreanos, ucranianos, franceses, quenianos, húngaros, alemães, italianos e malaios haviam dado entrada na rede hoteleira de toda a Serra Gaúcha preparada para atender aos visitantes estrangeiros.
Os que não pousaram durante a madrugada ou nas primeiras horas da manhã foram recebidos pelo Comitê Surdolímpico no Centro de Eventos da Festa da Uva para credenciamento e realização das audiometrias que devem comprovar o grau de surdez do atleta.
O roteiro é o mesmo para todas as delegações que chegam para participar do evento. Recebidos por uma empresa contratada pelo Comitê, os atletas têm os Pavilhões da Festa da Uva como uma referência para o transporte entre os hotéis e os locais de treino e competição. Gerente da Brocker Turismo, Amanda Ramirez trabalha para que tudo dê certo na chegada dos estrangeiros e na distribuição dos visitantes às cidades da Serra:
— É desafiador, primeiro pela questão da comunicação. Mas a logística em si é desafiadora. A delegação do Cazaquistão, por exemplo, ficará em Gramado e irá competir em Caxias. Precisamos organizar os horários e transportar todos em segurança.
Considerado um exame antidopping no caso da Surdolimpíada, o teste de audiometria é feito em Caxias do Sul pelo Centro de Saúde Clélia Manfro, da unidade auditiva do Hospital Virvi Ramos. Atletas que participam pela primeira vez de eventos desse porte, ou até os que levantam suspeitas das federações quanto ao nível de surdez, devem obrigatoriamente passar pelo teste e comprovar que não escutam mais de 55 decibéis nas oito frequências testadas.
Sete fonoaudiólogas iniciaram o serviço na segunda-feira (25) e permanecem até o fim dos Jogos, caso o Comitê Surdolímpico suspeite de alguma fraude durante a competição. De acordo com a coordenadora do Centro de Saúde, Aline Aita, a oportunidade de trabalhar com surdos do mundo inteiro renderá frutos para a comunidade da Serra, já que uma pesquisa científica está mapeando o perfil socioeducacional dos atletas.
—É maravilhoso, eu pareço uma criança em um parque de diversões. A gente nunca teve contato com uma comunidade surda de tantos locais diferentes. Convidamos os atletas a responderem a pesquisa através do aplicativo da Surdolimpíadas, e os resultados nos darão um norte sobre como é a nossa realidade comparada a de outros países — afirmou a fonoaudióloga.
Credenciado SUS, o Centro de Saúde Clélia Manfro atende 49 municípios com avaliações auditivas e concessão de próteses. Segundo Aline, são em média 2 mil pessoas atendidas por mês, que agora contarão com profissionais com a expertise de terem realizado um importante serviço para um evento de nível internacional.