As boas campanhas recentes do Juventude sempre tiveram sangue estrangeiro, principalmente daqueles que falam espanhol. No acesso à Série A, por exemplo, no ano passado, o paraguaio Nery Bareiro foi titular em boa parte da campanha. Um ano antes, no acesso à Série B, o Verdão contava com os uruguaios Gustavo Aprile e Braian Rodriguez.
Neste ano, para a disputa do Campeonato Brasileiro Série A, a direção foi um pouco mais longe e também se reforçou com nomes do exterior. Do Independiente Medellín, chegou o atacante Edwin Mosquera, que faz parte da seleção sub-20 da Colômbia. Por empréstimo do Fluminense, desembarcou no Estádio Alfredo Jaconi o também atacante Fernando Pacheco, da seleção sub-23 do Peru.
Por pouco não chegou o argentino Nicolás Blandi. Contudo, restando poucos dias para o encerramento da janela de transferências internacionais, o atacante desfez o acordo com o Juventude e resolveu permanecer no Colo-Colo, do Chile.
Entre nomes como Marco Vanzini, ainda na Série A, Ismael Espiga, Aquiles Ocanto, Osinachi Eberê, Juan Perez e Lucas Ontivero, nas divisões inferiores do Brasileirão, um dos atletas estrangeiros que mais se destacou com a camisa alviverde no Campeonato Brasileiro é colombiano: John Jairo Tréllez.
Natural de Turbo, região noroeste da Colômbia, onde vive até hoje aos 53 anos, "La Turbina" Tréllez atuou no Juventude entre 1995 e 1996. O Verdão recém havia chegado à Série A, após conquistar a Segunda Divisão em 1994, e preparava um time forte para se manter na elite nacional, turbinado pela parceria com a Parmalat.
Contratado junto ao Boca Juniors, o alto e rápido atacante colombiano fez 86 partidas pelo Ju, marcando 18 gols. Turbina foi jogador da seleção colombiana em duas Copa América (87 e 89) e fez parte dos álbuns de figurinhas das Copas do Mundo de 94 e 98, porém não foi convocado. Em contato com o Pioneiro, o hoje dono de um bar na beira do Mar do Caribe guarda ótimas lembranças daquela época.
— Gostei muito de Caxias. As pessoas foram muito carinhosas e hospitaleiras. Quando fomos para a final do Estadual (em 1996), foi uma loucura. Foi um bom momento, com os companheiros e com o técnico. Gostei bastante — lembra Tréllez.
Naquela época, o treinador alviverde era Geninho, que conduziu a equipe até decisão do Campeonato Gaúcho de 1996, porém perdeu a final para o Grêmio de Luiz Felipe Scolari, o Felipão. No elenco, nomes como Lauro, Picoli, Fábio Baiano e Alex Alves, morto em 2012, de quem John Tréllez lembra com carinho, pois os dois formavam a dupla Tréllelé.
— Muitas lembranças do profe Geninho, do garoto Alex Alves, Fábio Baiano... tínhamos uma ótima equipe e grandes companheiros — comenta.
Agora, Mosquera será o segundo colombiano a atuar pelo Ju. O jovem natural de Quibdó é figura frequente nas seleções de base, assim como também era Tréllez, e despertou a atenção do compatriota.
— Ouvi coisas muito boas dele. Deus queira que vá bem. É lindo que um outro colombiano receba uma oportunidade aí. Espero que ele vá bem, que nem eu fui. Sei que a cidade mudou muito, mas ele vai se adaptar — disse La Turbina Tréllez.
A distância, o ex-atacante alviverde acompanha a trajetória de seu filho, Santiago Tréllez, no Brasil. O também atacante está no Sport e pode enfrentar o Ju na Série A. Ele também já jogou por Vitória, Inter e São Paulo.
Meio brasileiro, meio estrangeiro
O grupo atual do Juventude também conta com jogadores nascidos no Brasil, mas com uma veia estrangeira. É o caso do meia-atacante Chico, nascido em Cascavel-PR, porém filho de sul-coreanos. Por outro lado, o meia Renan Bressan marcou até gol contra a Seleção Brasileira, vestindo a camisa da Bielorrússia nos Jogos Olímpicos de Londres, em 2012.
De mesma forma foram os volantes Rodrigo Ancheta, que jogou nas seleções de base do Uruguai, e Tiago Silva, que disputou um amistoso pela seleção da Bulgária e, posteriormente, foi impedido pela Fifa por já ter atuado na Seleção Brasileira Sub-20; os atacantes Jônatas Obina, da seleção de Guiné Equatorial, e Beto, que aos 40 anos ainda defende a Indonésia. A curiosidade é que em 2007, quando jogou pelo Ju, Beto era volante.
E houve também aqueles se naturalizaram após jogar pelo Verdão, como o volante Marcos Senna, campeão da Eurocopa 2008 com a Espanha, e o lateral-esquerdo Roger Guerreiro, que disputou a mesma competição pela Polônia.