Apesar de serem números preliminares e do tempo de avaliação ser pequeno, já são nítidos os ganhos com o começo do uso de câmeras corporais por policiais militares da Capital. Algumas estatísticas foram apresentadas nesta quinta-feira (13/3) no Gaúcha Atualidade, da Rádio Gaúcha, pelo comandante da BM de Porto Alegre, Fábio da Silva Schmitt, em entrevista ao repórter Guilherme Milman.
Dados atestam que o emprego dos equipamentos é benéfico para a população e para os servidores da segurança
Os dados atestam que o emprego dos equipamentos é benéfico para a população e para os próprios agentes da área de segurança pública. São conclusões que confirmam as melhores expectativas sobre a produção de imagens e gravações de áudio e vídeo ao longo de ocorrências e da interação de PMs com cidadãos.
Os números são referentes ao 9º Batalhão de Polícia Militar (BPM) da Capital, responsável pelo policiamento na área central da cidade, o primeiro que passou a utilizar as câmeras corporais, em 30 de setembro do ano passado. Desta data até o dia 10 de dezembro, foi significativa a queda de procedimentos internos voltados a apurar possíveis más condutas de PMs. A comparação foi feita com igual recorte temporal de 2024. A quantidade de sindicâncias caiu 41,7%. Os processos administrativos disciplinares (PADs), que investigam e punem eventuais infrações, recuaram 41,9%. O total de inquéritos policiais militares (IPMs) foi reduzido em 45%. As câmeras, já mostraram outras experiências, são um incentivo a mais para a correção das atitudes dos servidores da segurança.
Confirmou-se, também, que as câmeras corporais servem para a proteção dos próprios policiais. Tanto para inibir comportamentos agressivos de populares no contato com os PMs em circunstâncias que exigem a presença policial como na produção de provas. Os desacatos, no intervalo analisado, caíram 77,8%. O número de resistências diminuiu 76,5% e o de desobediências, 18,2%. Também foi ilustrativo o relato no programa de uma soldado da BM sobre o caso de um homem flagrado em uma ocorrência com uma arma de fogo. Detido, tentou subornar os policiais para liberá-lo. Graças à prova incontestável das imagens, reforçando os fatos narrados pela guarnição, o sujeito permaneceu preso por decisão judicial. A apreensão de armas no período, aliás, cresceu 60% na área do 9º BPM, enquanto a de drogas subiu 23,5%.
Levantamentos sobre resultados da utilização dos dispositivos em outros Estados brasileiros demonstram significativa queda na letalidade policial e até aumento da quantidade de mulheres que, encorajadas pela presença das câmeras, denunciam companheiros violentos. Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Polícia Federal (PF), por determinação do Ministério da Justiça, também passarão a dispor da tecnologia.
Hoje são 910 câmeras utilizadas por PMs da Capital. Espera-se que, em breve, a BM possa anunciar que o uso chegará ao Interior. Da mesma forma, aguardam-se novidades sobre quando começará a utilização pela Polícia Civil gaúcha, que dispõe de cem equipamentos. Foram mais de três anos de testes até o início do trabalho nas ruas da Capital com as câmeras, há pouco menos de seis meses. Com as primeiras estatísticas comprovando as vantagens do sistema, chega a hora de disseminá-lo pelo Estado.