O Juventude estreou no Campeonato Gaúcho perdendo por 1 a 0 para o Inter, no Beira-Rio. Foi o primeiro jogo oficial em 2021 e apenas o segundo no retorno do técnico Marquinhos Santos, que teve um jogo-treino diante do Próspera-SC durante a preparação para o Estadual. Independentemente do resultado, foi possível identificar algumas das ideias colocadas em prática pelo técnico. O estágio desse desenvolvimento ainda é inicial, o que explica a série de erros. Soma-se a isso uma mudança de modelo de jogo em relação ao treinador anterior, exigindo um tempo maior de adaptação.
A estratégia do Juventude nos primeiros minutos foi de esperar o Inter, jogando com a linha de marcação baixa. Por isso a presença dos três volantes - João Paulo, Bochecha e Yago, com o meia Renan Bressan no banco. Com a bola, não correr riscos com passes curtos. Assim, os zagueiros muitas vezes optaram pela ligação direta. Em uma dessas bolas rifadas por Émerson, a equipe da casa foi rápida na recuperação e conseguiu marcar seu gol, com Guilherme Pato.
Em estágio mais avançado tática e fisicamente, o Inter executou uma marcação pressão que sufocou a saída de bola alviverde. Nos primeiros 20 minutos, o Ju teve o controle da bola poucas vezes. E quando teve, logo perdeu, pois a marcação colorada forçava o erro de passe ou lançamento.
Quando o adversário, já em vantagem no placar, diminuiu a intensidade da pressão, o Alviverde começou a encaixar seu jogo. Passes curtos desde a saída de bola, com os zagueiros abrindo e João Paulo recuando; Eltinho se movimentando em diagonal para a centro do campo, participando da criação, com Capixaba permanecendo aberto pela esquerda; do outro lado, Matheuzinho partindo da ponta para o centro, abrindo espaço para Igor chegar na linha de fundo. Matheus Peixoto, uma das surpresas no 11 inicial, jogando próximo ao gol adversário.
Além do gol anulado de Matheuzinho, em uma interceptação no setor ofensivo, o Juventude conseguiu levar perigo no primeiro tempo em uma cabeçada de Matheus Peixoto, aos 36 minutos. Jogada construída com as características que Marquinhos quer implementar em sua equipe, com aproximação e troca de passes desde o campo defensivo.
No segundo tempo, com Renan Bressan no lugar de Bochecha, a equipe ganhou em ofensividade. Matheuzinho tinha um meia mais próximo para tabelar, e o Verdão chegou mais na linha de fundo, com Igor pela direita, e Capixaba pela esquerda. Assim saiu a jogada que o camisa 7 parou duas vezes no goleiro Daniel, de grande atuação pelo lado colorado. E ainda houve a bola na trave de Roberto, no último lance.
O mau início do Ju, permitindo ao Inter ficar com a bola, e sendo incapaz de fugir da pressão pós perda do rival, definiu o resultado. O Verdão fez um bom segundo tempo e poderia ter empatado, mas parou no goleiro colorado ou na trave. Ficou a impressão de que a equipe poderia jogar menos retraída nos primeiros minutos. Contudo, é possível extrair uma série de pontos positivos.
Até janeiro, o Juventude jogava de forma diferente. Com Pintado, a equipe tinha maior liberdade de movimentação e menor rigidez tática. A transição do modelo de jogo é um processo que não se resume a um ou dois jogos. Diante do São Luiz, a probabilidade do alviverde apresentar um melhor desempenho é grande.