A temporada 2020 terminou para o Caxias. E da pior forma possível. Após um começo de ano com o título do primeiro turno do Gauchão e o vice-campeonato estadual, o time grená foi eliminado no primeiro mata-mata da Série D. É a terceira queda consecutiva do clube nas fases eliminatórias da competição nacional. Depois do Treze-PB, veio o Manaus, e agora o Mirassol. Após ser eliminado nos pênaltis, sem fazer nenhum gol em nenhuma cobrança, o técnico Rafael Lacerda tentou explicar o insucesso grená.
— A gente tenta achar soluções e não encontra. É lamentável, porque a gente trabalha. Tem muito trabalho no Caxias. Claro que agora é o momento de bater, que virão as críticas e vão dizer que foi tudo errado, mas enfrentamos uma equipe completa. Mesmo com o time desmantelado, suportamos a pressão e quase empatamos. Agora é o momento que todo mundo vai atirar pedra. Futebol é assim. Fico triste e destruído, porque o Caxias merecia coisa melhor — disse o técnico Rafael Lacerda.
Durante a Série D do Campeonato Brasileiro, o treinador declarou que o Caxias conseguiria o objetivo do acesso. No entanto, isso não será mais possível nesta edição da competição. Agora, só na Quarta Divisão de 2021.
— Se encontrar algum treinador, que dispute uma competição que tenha acesso, e diga que não vá conquistar o acesso, pode me apresentar, porque não conheço. Falei porque todos falam, tem que falar e passar confiança. Trabalhamos para isso. O que pesou? Foi a situação de hoje. Antes do jogo, eu falei que não podia lamentar as ausências, porque temos que dar moral para quem vai jogar — comentou o técnico.
O Caxias entrou em campo sem quatro titulares. Mesmo assim, antes do jogo, o treinador preferiu valorizar quem entrou. No entanto, após a partida, o discurso foi diferente e os desfalques também foram citados como justificativa para a eliminação.
— Fizemos um grande primeiro jogo em Caxias e poderia ser uma vantagem maior. Viemos aqui jogar com um Mirassol completo, sem nenhum caso de covid-19 e o Caxias muito desfalcado, sem quatro titulares e sem dois substitutos imediatos. Antes do jogo, a gente fala que não pode lamentar as ausências, mas hoje foi fator predominante. Nossa desclassificação passa pelo jogo, pelos desfalques, jogadores que entraram até sem ritmo — comentou.
O Caxias montou um grupo de jogadores experientes e, durante a Série D, o treinador sempre valorizou esse fator. Porém, num momento decisivo, os atletas rodados desperdiçaram todos os pênaltis na disputa que poderia classificar o Caxias.
— Não tem explicação. Foi algo que quando assumi como treinador briguei muito para trazer jogadores experientes. É frustrante a desclassificação. É lógico que o torcedor e o diretor estão com raiva, mas é o time campeão. De 2012 para cá, foi o time que foi campeão. Esse grupo foi campeão. Não posso virar as costas para esse grupo. Estou frustrado. De três pênaltis, não fazer nenhum, é inadmissível — afirmou o treinador, que ainda comparou as eliminações de anos anteriores com a atual:
— Qual a diferença da eliminação deste ano para o ano passado? A diferença de cair na primeira e na terceira? São relativas. Não adianta. Semana passada, a notícia foi a melhor atuação da competição. Nós enfrentamos um adversário de qualidade com investimento muito alto. Vão me questionar por que eu improvisei, mas não tinha opções. Jogadores lesionados, com corona. A gente montou o que a gente tinha. Foram dois jogos iguais. Fica minha frustração, porque treinamos muito os pênaltis. Não fazer nenhum gol é inadmissível.
Título no Gauchão
Mesmo com o início de 2020 promissor, com a conquista da Taça Ewaldo Poeta contra o Grêmio, o Caxias enfrentou muitas dificuldades na Série D. A equipe oscilou, quase não classificou na primeira fase. O treinador foi cobrado. Inclusive, a comissão técnica passou por mudanças.
O auxiliar Jeferson Ribeiro recebeu férias em meio ao campeonato. O preparador de goleiros Daniel Crizel pediu para sair na véspera da última rodada da primeira fase. Segundo técnico, as mudanças eram necessárias e não prejudicaram o ambiente do elenco:
— A campanha para tirar o Lacerda durante a Série D foi gigantesca e a direção não tirou. Eu falei para o presidente depois do jogo contra o Marcílio: 'não tem multa presidente. Quer encerrar aqui pode encerrar'. Se mudamos (comissão técnica), era necessário. Futebol tem muita fofoca. Talvez, as trocas eram pra ter sido feitas antes, em outros anos. Se eu fosse pensar em mim, eu não faria as trocas na comissão técnica.
Rafael Lacerda voltou a comparar as eliminações. Inclusive, citou 2016, quando ele era jogador e o Caxias caiu para o Inter de Lages, enquanto também tinha atenções para o objetivo de subir na Divisão de Acesso. Além disso, o treinador voltou a valorizar o título do primeiro turno do Gauchão:
— Em 2016, caímos no primeiro mata-mata, eu estava lá. Em 2018 e ano passado no terceiro. Esse ano no primeiro. Não tem diferença. Difícil falar. É continuar trabalhando. Não sabemos o que será do futuro. Vamos sentar e conversar sobre o futuro. As críticas têm que acontecer. Decepcionamos a torcida, mas esse grupo foi campeão. Não posso virar as costas, porque fazia oito anos que o Caxias não levantava uma taça.