Um levantamento feito pelo Núcleo de Informações de Mercado da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Caxias do Sul indica um cenário crítico para o setor de eventos no município. A pesquisa junto a 57 integrantes do HUB de Eventos da entidade mostra que a pandemia gerou perda de 82% do faturamento para esses empreendedores. Isso é resultado da redução na ordem de 82,4% na quantidade de eventos no município.
Os dados foram divulgados nesta quinta-feira (17), mas antes disso, na quarta-feira (16), foram levados à Associação dos Municípios da Encosta Superior do Nordeste (Amesne) como forma de embasar um pedido de flexibilização dos protocolos de segurança sanitária. Entre as medidas pleiteadas, estão autorização para mesa de doces e antepastos, flexibilização da pista de dança exclusiva para noivos e debutantes, além de ampliação do tempo de permanência no evento ou retirada do período pré-determinada.
O grupo também solicitou ajuste na capacidade de convidados e equipe de acordo com parâmetros de Plano de Proteção e Prevenção Contra Incêndios (PPCI); a sugestão é liberação de em torno de 25% de ocupação e não mais limitação a uma quantidade específica de pessoas. Outro solicitação foi divisão de regramentos mais definida entre eventos sociais e corporativos e protocolos mais específicos para festividades externas. O HUB da CDL sugeriu ainda que se adote a testagem de convidados para projetos com mais de 100 pessoas, como forma de garantir menor chance de contaminação pelo coronavírus:
— Uma redução nas perdas. É isso que a gente busca. E também apresentar uma opção para os nossos clientes, porque gera uma insegurança para os nossos clientes essas mudanças muito repentinas por decreto. Então, se puder ter umas normas um pouco mais fixas, consegue-se ter uma continuidade na programação — explica Venilton Demori, um dos gestores do HUB de Eventos da CDL Caxias, que é proprietário de uma casa de eventos.
A pesquisa identificou que, antes da pandemia, 51% dos integrantes do HUB faziam mais de 10 eventos por mês e outros 30% promoviam de cinco a nove. Durante a crise, 84,2% disseram que este número não chegou a dois e 14% tiveram uma média entre dois e quatro mensais. Além disso, a própria reprogramação das datas tem sido um obstáculo. Mais da metade conseguiu reagendar 10 eventos, enquanto 14% não conseguiram uma nova data. Já outros 14% ajustaram de 25 a 30 projetos.
Outro dado que chama a atenção é que 35% deixaram de fechar trabalhos em função dos clientes não entenderem as restrições de público e custos adicionais de cuidados extras com a segurança dos convidados e equipes. Quase 37% dos profissionais precisaram assumir o pagamento dos valores atualizados para não perder os poucos eventos. Apenas 5,26% afirmaram que os clientes entenderam a situação, e os eventos foram realizados com menos pessoas e com custo maior.
A Amesne disse, por meio da assessoria de imprensa, que aguarda duas reuniões entre esta quinta e sexta-feira para se manifestar sobre o assunto.
40% das empresas podem fechar até o final do ano
Das empresas participantes da pesquisa, quase 40% disseram que podem fechar nos próximos três a seis meses, se as restrições e inseguranças geradas pelo abre e fecha seguirem. Mesmo com as dificuldades, 49% não pensam mais em fechar os empreendimentos e a maioria (70%) aposta em uma retomada lenta e gradativa do setor de eventos.
O que fizeram para sobreviver
As empresas também revelaram o que fizeram para continuar pagando as contas mesmo com as restrições. A maioria (61%) renegociou a data do evento, 28% criaram novos produtos ou serviços focados no digital ou com entrega a domicílio e 19% deles precisaram sair temporariamente do ramo. Para vencer a crise, também houve outras ações, como eventos híbridos, festa drive-in, evento em casa com transmissão online aos convidados, criação de vídeos e podcasts, entre outros. Quase metade buscou criar alguma parceria para superar o momento e 35% disseram recorrer a diversos profissionais para ajudar na sobrevivência do negócio. Ainda de acordo com o levantamento da CDL Caxias, quase 40% dos associados tiveram muita dificuldade para honrar os pagamentos, 38% tiveram que renegociar com fornecedores, 37% atrasaram alguns pagamentos e 26% precisaram de empréstimos.
Os impactos na cadeia e nos empregos
O levantamento indicou também o impacto na cadeia e no mercado de trabalho. Mesmo sem funcionários antes da pandemia, quase 30% dos entrevistados contratavam terceiros quando necessário, 31,5% tinham menos de cinco colaboradores e 24% entre cinco e nove profissionais. Desde março do ano passado, 56% dos associados tiveram queda no número de funcionários. As estratégias para a reduzir o impacto envolveram ainda uso da linha de crédito emergencial para pagamento da folha para 20% dos entrevistados. Outros 17,5% anteciparam as férias da equipe e 33% não tiveram como evitar as demissões.
Quem participou da pesquisa
O HUB de Eventos da CDL, usado como base para o levantamento, concentra uma série de profissionais e empresas que atuam em diversas frentes, como sonorização, iluminação e imagem, organização de eventos e cerimoniais, espaços de eventos, decoradores, floriculturas, alimentos, bebidas, fotografia e filmagem, locação de materiais e vestuário para festas.