Momento simbólico do fim de ano entre as famílias, a ceia natalina vai ficar mais cara em 2024. A Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav) e a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) estimaram alta de 5% nos preços das aves de Natal na indústria e no varejo — leia mais abaixo.
Em Caxias do Sul, a reportagem esteve em três supermercados de redes diferentes na tarde de segunda-feira (16) para conferir o preço dos principais itens da ceia. Uma refeição com cerca de quatro quilos de chester da marca Perdigão, dois quilos de carne bovina (vazio) marca desconsiderada, espumante Salton Brut e panetone Bauducco varia entre R$ 314,52 e R$ 332,31, conforme a pesquisa.
A maior variação observada foi no quilo da carne bovina (vazio), que foi encontrado por R$ 69,90 e também por R$ 77,90. Nas aves, o destaque foi no quilo do frango Seara Fiesta, encontrado por R$ 27,98 e por R$ 31,98. O espumante Salton Brut também teve diferença significativa perante aos outros produtos analisados, sendo comercializado a R$ 32,90 em uma rede e por R$ 34,90 em outra.
Em relação às outras aves natalinas não houve grande diferença. O chester Perdigão era vendido ao mesmo valor nos três mercados pesquisados: R$ 29,98 ao quilo. O peru temperado da mesma marca também apresentava valor igual em duas redes e não foi encontrado em outro, sendo oferecidos aos consumidores por R$ 29,48 ao quilo.
Presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Gêneros Alimentícios (Sindigêneros) de Caxias do Sul, Volnei Basso comenta que as aves natalinas seguem a tendência de preço do Estado, com incremento de cerca de 5% no valor. Ele também aponta acréscimo considerável no valor da carne bovina:
— Este produto teve, sim, um aumento de preço quase de 30% nos últimos meses, mas tem motivo: nós tivemos enchente aqui no Estado e perdemos muita matéria-prima. Além disso, tivemos as queimadas, em outras regiões do país, e também a exportação — detalha.
Ele comenta que os consumidores devem seguir os padrões dos últimos anos, deixando as compras da ceia para a última hora. Por isso, o movimento deve começar a intensificar no sábado (21) e ganhar ainda mais corpo na antevéspera e véspera de Natal:
— Com certeza, no sábado já vai haver quem se antecipe. Isso é bom pra nós, porque a gente consegue se programar um pouco melhor, não ter falta de produto e conseguir atender melhor também — acredita o presidente da entidade que representa os supermercados.
Na tarde de segunda-feira, a aposentada e pecuarista Maria Cardoso, 69 anos, de São Francisco de Paula, aproveitou uma visita a Caxias para uma consulta médica para ir às compras de Natal. Com panetones e um chester no carrinho, ela pesquisava o preço das castanhas e nozes.
— Aqui tem mais opções (do que em São Francisco de Paula). Já que viemos para o médico, aproveitei. Mas acho que tudo aumentou bastante — comenta ela, que planeja uma ceia para 10 pessoas.
Os motivos do aumento no preço das aves natalinas
O presidente Associação Gaúcha de Avicultura (Asgav), José Eduardo dos Santos, afirma que a variação de 5% responde a uma série de fatores, como efeito da inundação e questões sanitárias que afetaram a indústria:
— Tem a questão das enchentes que modificou o fluxo produtivo, o planejamento das indústrias. Teve o caso da doença de Newcastle, que também colocou algumas barreiras. Além disso, tem o custo de produção dessa ave, que é diferenciada geneticamente, que consome mais ração.
Os efeitos dos entraves citados pelo dirigente também aparecem em outros dados do setor. A Asgav estima que o volume total de perus e aves natalinas produzidas para este ano é de aproximadamente 57,8 mil toneladas — recuo de 0,6% ante 2023, quando foram 58,1 mil toneladas. As projeções de faturamento indicam aumento de 3,1% em comparação com um ano antes.