O comércio de Caxias do Sul dá sinais de que o último trimestre de 2024 deve simbolizar a recuperação. Isso porque, após dois meses no negativo, o setor voltou a crescer em outubro, com avanço de 4,8% na comparação com o mês anterior. Além disso, há expectativas de bons resultados relacionados às vendas da Black Friday, em novembro, e as comercializações de Natal — considerado a data principal do ano para o setor. Os serviços e a indústria também ficaram no azul no oitavo mês do ano, com ascensão de 5,6% e 3,9%, respectivamente.
Os dados integram o Desempenho da Economia de Caxias do Sul e foram divulgados na manhã desta quinta-feira (12) pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) e Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Caxias. Para o assessor de Economia e Estatísticas da CDL, Mosár Leandro Ness, a recuperação do comércio está associada às vendas para o Dia das Crianças e à realização da Mercopar — a 33ª edição da feira se encerrou no dia 18 de outubro, com projeção de movimentações na casa dos R$ 935 milhões.
— Além disso, todos os setores do ramo duro (eletrodomésticos, brinquedos, móveis, perfumes, etc.) e do ramo mole (vestuário e acessórios, cama/mesa/banho, etc.) tiveram desempenho positivo. Essa situação nos chamou a atenção — enfatiza Ness, acrescentando que os destaques de comercializações ficaram para as livrarias, papelarias e brinquedos, informática e telefonia, além de caminhões e autopeças novos.
O setor, de fato, tem motivos para comemorar o bom resultado de outubro e as projeções para a reta final do ano. No primeiro semestre, somente março e junho tiveram avanços em relação aos meses anteriores, com crescimento de 2,4% e 1,8%, respectivamente. Janeiro, fevereiro, abril e maio registraram dados negativos. Veja na tabela abaixo.
Para Ness, o desempenho do comércio ao longo do ano está atrelado a uma situação de insegurança dos consumidores e à tragédia climática de maio.
— De uma maneira geral, os consumidores se mostraram um pouco receosos na hora de consumir em 2024. As enchentes provocaram um certo pessimismo com relação ao futuro imediato. À medida que a situação e o tempo foram passando, e os empregos se mantiveram, os clientes paulatinamente foram voltando ao comércio — explica Ness.
O economista também acrescenta que é preciso observar que meses como janeiro e fevereiro tradicionalmente registram queda nas vendas, porque as famílias saem da cidade em férias, o que naturalmente reduz o consumo local.
"A economia vem performando melhor do que em 2023"
O avanço de todos os setores fez com que a economia caxiense crescesse 4,5% em outubro em relação a setembro. Na comparação com o mesmo mês de 2023, a evolução é de 9,1%, conforme os dados apresentados pela CIC.
— Possivelmente nós vamos chegar com um número bem expressivo (no fechamento do ano), porque a economia vem performando melhor do que em 2023 — diz o diretor de Planejamento, Economia e Estatística da CIC, Tarciano Mélo Cardoso.
— A nossa economia está perfazendo bem. Estamos tendo um bom resultado. Devemos encerrar o ano (com desempenho) próximo de 6% de crescimento. É uma situação um pouco melhor do que do Estado e do país — acrescenta a também diretora de Planejamento, Economia e Estatística da entidade, Maria Carolina Gullo.
A preocupação dos economistas, no entanto, é de que o desempenho atual não se reflita em 2025, diante da inflação, a situação fiscal do país e os cortes de gastos do governo federal. Na última reunião do ano, na quarta (11), o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) definiu o novo patamar do juro básico do país. A Selic subiu um ponto percentual, fechando 2024 em 12,25% ao ano.
— Eu, particularmente, me preocuparia com o segundo semestre do ano que vem. Acho que o primeiro semestre ainda não é tão impactado, mas a partir do segundo semestre a gente pode ter mudanças. Vamos ter que acompanhar como vai ser os desdobramentos a partir dessa taxa de juros e a questão do governo com o cumprimento de teto — diz Maria Carolina.