Engenheiro calculista e projetista em centenas de obras de vulto espalhadas por Caxias do Sul e região, João Luiz Mariot Niederauer completaria exatos 100 anos hoje. E, aproveitando a proximidade do Dia Nacional do Patrimônio Histórico (17 de agosto), destacamos parte de sua trajetória pessoal e profissional.
Filho do ex-prefeito interino de Caxias do Sul Demétrio Niederauer - o mesmo que dá nome à Biblioteca Pública Municipal - e de dona Odemira Mariot Niederauer, João Luiz nasceu em Caxias do Sul em 15 de agosto de 1923 - foi o quarto de uma prole composta pelos irmãos Marília, Carmem, Helena, Leda, Vera e João Carlos.
Morador da Av. Júlio de Castilhos, entre a Coronel Flores e a Feijó Jr., Niederauer viveu com a família ali, na casa de número 2.546, até ir estudar em Porto Alegre, no início da década de 1940. Após a formatura em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, em 1947, retornou à cidade, onde estagiou na Construtora Caxiense e, posteriormente, abriu a empresa de arquitetura e engenharia Niederauer-Marchioro.
No início, foi o responsável pelos cálculos estruturais de várias residências e prédios em estilo modernista que despontavam pela cidade. Já na década seguinte, mais especificamente em 1969, montou o próprio escritório.
Durante cerca de 30 anos - entre a segunda metade dos anos 1940 e o final da década de 1970 -, a atuação de João Luiz Mariot Niederauer como engenheiro calculista abrangeu os mais diversos projetos.
Constam nesse rol desde o complexo do Colégio Santa Francisca Xavier Cabrini (Campus 8 da UCS), inaugurado em 1961, passando pela sede social do Recreio da Juventude, na Rua Pinheiro Machado, e pelos hotéis Volpiano, Bandeira e Excelsior; até a fábrica da Florense, em Flores da Cunha; o quartel do Corpo de Bombeiros, na Rua Vinte de Setembro; o prédio do Super Calcagnotto, defronte ao Colégio São Carlos (foto abaixo); e o Estádio Francisco Stédile (Centenário).
Falando em futebol, impossível não mencionar uma curiosidade: seu João torcia para o Juventude e para o Grêmio, o que não lhe impediu de ser o engenheiro do estádio da S.E.R. Caxias. Conforme lembrado pela família, assistia a todos os jogos do Ju no Alfredo Jaconi - e do Caxias, no Centenário. Tinha, inclusive, cadeira cativa nos dois.
E como bom morador de São Pelegrino, gostava de jantar nos finais de semana em dois clássicos da gastronomia do bairro: o Restaurante Savóia e a Galeteria Peteffi.
A FAMÍLIA
João Luiz conheceu a jovem Hélia Antonia Storcki em meados de 1947, logo após a formatura. Era o período em que Hélia trabalhava na loja de calçados mantida pela família - antes de os Storchi comprarem a lendária Pensão Farroupilha e, posteriormente, inaugurarem o moderno Excelsior Hotel, na Rua Sinimbu, defronte à antiga rodoviária.
Fruto de uma "paixão à primeira vista", o casamento chegou em 19 de fevereiro de 1955, nascendo dessa união quatro filhos: Maria Cristina, Heloisa, Eduardo e Roberto - que gentilmente disponibilizou as várias das imagens desta página.
O CASAL
:: João Luiz Mariot Niederauer faleceu precocemente em 4 de novembro de 1979, aos 56 anos, em decorrência de uma trombose cerebral. Ele dá nome a uma rua no bairro Fátima.
:: Dona Hélia Antonia Storcki Niederauer, atualmente com 94 anos, é a única da família Storchi a ter o “K” no sobrenome - devido a um erro do cartório na hora do registro. Todos os irmãos - Dalvo João, Dário Carlos, Ladyr Dinarte, Delso (Nei) e Elma Ida - são Storchi.
:: Hélia é também uma das moradoras raiz do bairro São Pelegrino, com muitas lembranças para compartilhar. Mas essa é uma história que destacaremos em futuras colunas…