Falecido há 10 anos, em 16 de agosto de 2013, aos 83 anos, o médico João Manoel Britto tem sua trajetória atrelada à evolução da ginecologia e da obstetrícia em Caxias do Sul desde o final da década de 1950, quando passou a atuar na cidade.
Nascido em 30 de junho de 1930, em Camaquã, o jovem formou-se em Medicina pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul em 1954, em Porto Alegre. Um ano depois, foi nomeado médico titular do Posto de Higiene de Flores da Cunha, cidade em que instalou seu primeiro consultório. Como médico-chefe do pequeno município serrano, Britto teve papel fundamental na fundação da Casa de Saúde Nossa Senhora de Fátima, inaugurada em 1957.
Assumindo a direção da instituição com o auxílio das Irmãs de São Carlos Barromeu, o médico era responsável também por aplicar vacinas, vistoriar açougues, conferir a qualidade da água e proferir palestras à comunidade.
Todo esse trabalho perdurou até a mudança para Caxias, em meados de 1958, quando buscou ampliar sua carreira profissional e se especializar em ginecologia, além de compartilhar conhecimentos.
Conforme destacado no livro “Hospital Fátima - Uma História de Muitas Vidas”, no período de 1958 a 1967, João Manoel Britto foi professor da Escola de Enfermagem Madre Justina Inês - instalada no prédio do atual Hospital Saúde e, em 1967, incorporada à Universidade de Caxias do Sul. Já na UCS, de 1972 a 2001, atuou como professor titular da disciplina de Ginecologia e Obstetrícia do curso de Medicina.
PLANTÃO OBSTÉTRICO EM 1968
Um dos fundadores do Hospital Fátima, Britto foi médico-chefe do Centro de Saúde entre os anos de 1973 e 1986, além de secretário municipal da Saúde de Caxias do Sul de 1993 a 1996. Entre suas ações de destaque esteve também a luta para transformar o prédio do antigo Mercado Público Municipal de Caxias - na esquina das ruas Vinte de Setembro e Marechal Floriano - na Central de Diagnósticos 24 Horas, apadrinhada de Centro à Vida - posterior Postão e atual Upa Central.
A saber: em 1968, João Manoel Britto integrou o primeiro plantão obstétrico do Hospital Pompéia, juntamente com os colegas José e Walter Brugger, Benno Winkler, Jean Mailard, Caetano Augusto Sartori, Marco Túlio Zanchi e Farjala Catan.
Na imagem abaixo, vemos Britto (ao centro) entre Marco Túlio Zanchi, Walter Brugger, José Brugger e Augusto Sartori. A imagem foi publicada originalmente na revista Almanaque de 12 e 13 de abril de 2003, integrando uma reportagem sobre os médicos do primeiro plantão obstétrico de Caxias.
A família
Em 14 de maio de 1955, João Manoel Britto casou-se com a jovem Branca Gemignani, natural de Porto Alegre. Após o matrimônio, realizado na Capital, o casal mudou para Flores da Cunha, tendo na sequência os filhos Rejane, Carlos Alberto, Suzana e Luís Carlos.
Atuação
Além da medicina, Britto destacou-se como colaborador e presidente do Lions Clube de Caxias do Sul. Na imagem ao lado, o casarão onde a família residiu a partir do final dos anos 1950, na Rua Vinte de Setembro, defronte ao Hospital Saúde. Em um anexo junto à casa, dona Branca instalou um dos primeiros restaurantes vegetarianos de Caxias do Sul - espaço posteriormente transformado em uma loja de produtos naturais e suplementos alimentares, administrado pelo filho Carlos Alberto Britto.
Dona Branca, falecida em junho deste ano, também fundou a lendária Livraria Coletânea, instalada na Av. Júlio de Castilhos, defronte a Praça Dante Alighieri, na segunda metade da década de 1970. Mas essa é uma história que você confere na próxima semana.
FEIRA DE ANTIGUIDADES
Parte do acervo da família Britto estará disponível na feira de antiguidades promovida neste final de semana pelo garimpeiro Jonathan Franco. O encontro ocorre nesta sexta (4), sábado (5) e domingo (6), na Rua Angelo Chiarello, 3.374, bairro Pio X, em Caxias do Sul.