O encerramento das atividades do Coophotel – leia-se Alfred Hotel –, na esquina das ruas Sinimbu e Marechal Floriano, traz as lembranças daquele que, há 58 anos, surgiu como o mais moderno e majestoso empreendimento do setor no centro de Caxias.
Inaugurado em 22 de dezembro de 1963, às vésperas do Natal, o clássico “Alfredinho” foi uma iniciativa dos irmãos Miguel e Jorge Sehbe, filhos do imigrante libanês Kalil Sehbe (1887-1973). Conforme matéria do Pioneiro de 28 de dezembro de 1963, na manhã daquele domingo, o trio recepcionou dezenas de representantes dos círculos oficiais, econômicos e sociais do Estado.
Após o discurso de Jorge Sehbe, houve o corte da fita inaugural pelo prefeito Armando Biazus e pelo deputado Cândido Norberto — presidente da Assembleia Legislativa —, além da “obrigatória” bênção do padre Eugênio Giordani (fotos abaixo).
Coquetel
Na sequência da visita às instalações do novíssimo hotel, “os presentes foram obsequiados com um finíssimo coquetel e almoço americano”, conforme detalhou o Pioneiro da época.
Passaram por lá, entre outros, Sylvio Gazzola, representando o governador Ildo Meneghetti; Imério Kuhn, presidente da Associação Comercial de Caxias; Mario Gardelin, o jornalista Heráclito Limeira (vulgo “Velho Laranjeira”), Victorio Trez, Júlio João Eberle, Valter Gomes Pinto, João José Conte, Vasco Peretti e o então diretor do Pioneiro, dr. Mario Rocha Netto.
A badalada solenidade também recebeu cobertura jornalística das rádios: Vivaldo Vargas de Almeida transmitiu pela Rádio Princesa, enquanto Getúlio Soares pela Rádio Caxias (fotos abaixo).
Detalhes
O “Alfredinho” surgiu 11 anos antes do “irmão” Alfred Palace Hotel, inaugurado em 10 de dezembro de 1974, às vésperas da Festa da Uva que celebraria o centenário da imigração italiana, em 1975.
Os dois estabelecimentos, juntamente com o prédio dos Tecidos e Artefatos Kalil Sehbe S/A, na esquina em frente, consolidaram o slogan “Símbolo da Hospitalidade Gaúcha”, estampado em cartões-postais como o da foto abaixo, de meados de 1966.
Curiosidade: em direção a São Pelegrino, o Alfred, o Excelsior e o Bandeira eram os hotéis de onde os turistas e visitantes podiam conferir o fim do corso alegórico da Festa da Uva – que se encerrava na Rua Coronel Flores, a uma quadra da antiga rodoviária.
Barbearia e cantina
Matéria do Pioneiro de 28 de dezembro de 1963 detalhou as modernas dependências do prédio. Confira o texto original da época:
- Subsolo: cantina com serviço completo de restaurante, em condições de oferecer pratos típicos da região e com capacidade para 200 comensais.
- Térreo: recepção, portaria, barbearia, gerência, sala de estar e restaurante com serviço à la carte.
- Mezanino: salão de estar para hóspedes, televisão, música, leitura, salão de chá e hall de convenções.
- 1º ao 5º andar: 70 apartamentos, todos dotados de telefone, calefação central, água quente e banheiro privativo, oferecendo máximas condições de conforto e bem estar. Capacidade normal: 140 hóspedes. Capacidade de emergência, mais de 200 hóspedes.
- Circulação: dois rápidos elevadores sociais.
Na foto abaixo, a ampla repercussão da chegada do hotel, publicada no Pioneiro de 28 de dezembro de 1963.
Casa Genta
Um dos destaques da arquitetura modernista do novo hotel foi a fachada envidraçada, proporcionando ampla luz natural. O trabalho foi realizado pela filial caxiense da lendária Casa Genta – responsável também por centenas de vitrais de igrejas e capelas do Estado.
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