A artista plástica Tere Finger nos convida a voltar para casa, para a casa da sua infância na sua mais recente exposição Conexão e Significado, à mostra a partir deste sábado (7), na Galeria Arte Quadros, em Caxias do Sul. Essa viagem no tempo nos coloca diante de Flores da Cunha, cerca de 50 anos atrás. Lá, Tere morava com os pais e mais 14 irmãos.
— Numa casa com muitos filhos, a casa toda virava uma oficina de criatividade. E atrás da minha casa tinha um terreno baldio. Todos os circos, grupos de teatro, ou parque de diversões vinham e se instalavam. E, quando não tinha parque, nem circo, nem ciganos, o terreno virava um campo de futebol. Então, eu fazia pé de moleque e com os meus irmãos fazíamos pandorga e vendíamos no campo — recorda Tere.
Algumas dessas cenas, com crianças se divertido com carrinhos de rolimã, patinetes, bicicletas, entre outras brincadeiras, como jogo de amarelinha e esconde-esconde, contemplam parte das obras selecionadas para esta exposição. Quem está mais familiarizado com a carreira de Tere, perceberá que desde a última exposição, Fêmur Cicatrizado, que ocupou a Galeria Municipal de Arte Gerd Bornheim, em julho do ano passado, a artista tem pesado menos a mão no uso da tinta preta. Um dos motivos, ela reconhece, é que, no auge da pandemia, estava difícil comprar material entre eles, a tinta preta. Mas, assim como a sua obra, que é feita em camadas densas de tinta, o real sentido foi por ela desvelado:
— Eu pensei que só tinham dores na minha obra, mas agora eu me abri para esse canal, porque eu tive uma infância muito rica. Quem poderia, como nós pudemos lá em casa, transforar a casa em um espaço onde podíamos criar e inventar coisas?
Tere vai ainda mais além ao explicar:
— Desde o início do meu trabalho, entendo hoje, que não eram as dores o mais importante, mas o amor que tinha ali. E tem gente que só vai aprender na dor...
E antes que o repórter interviesse, querendo desvendar ainda mais dessa revelação que brotara do peito de Tere e tem se revelado em novas matizes, ela mesma complementou, sentenciando:
— A dor sempre se transforma em amor. Sempre.
Observando as suas obras, que foram acolhidas em um ambiente planejado pela arquiteta Fernanda Rossi, tecendo a conexão entre as telas e a volta para casa, ou melhor, para as memórias da casa, caiu como uma luva a frase de apresentação, escrita por Tere: “Penso que, o que observamos não é a infância em si, mas a energia e luz que levamos dela aos nossos afetos e lembranças”.
E tudo faz ainda mais sentido se a trilha sonora for Tambong, do Vitor Ramil. Subvertendo a ordem do disco, a Ilusão da Casa soa como um belo preâmbulo para adentrar nas memórias da exposição, que não é casa em que vivia a Tere, mas, como canta Ramil, é a casa onde “o tempo é o meu lugar, o tempo é minha casa, a casa onde quero estar”.
PROGRAME-SE
O quê: Vitrine Conceito com a exposição "Conexão e Significado", de Tere Finger, com ambientação da arquiteta Fernanda Rossi.
Quando: Abertura no sábado (7), das 10h30min às 13h30min. A mostra fica em cartaz até o dia 20 de junho.
Onde: Galeria Arte Quadros (Rua Feijó Júnior, 975, São Pelegrino), em Caxias do Sul.
Quanto: visitação gratuita.
Mais informações: (54) 3028.7896