O afeto sempre foi um tema recorrente na obra da artista plástica Terezinha Finger Fiorio, a Tere. Não apenas as paixões e o amor romântico, mas também os gestos de empatia e cuidado com o outro permeiam a trajetória da florense, que acredita poder transformar um pouco o mundo para melhor com a mensagem que a arte carrega. Na exposição que inaugura nesta terça-feira na Galeria Gerd Bornheim, intitulada Fêmur Cicatrizado, Tere apresenta 25 obras em que o carinho e a tolerância saltam da tela para os corações dos apreciadores.
Estranho à primeira vista, o título traz uma sacada que logo faz todo sentido. Trata-se de uma referência à antropologa norte-americana Margaret Mead (1901-1978), que trabalhou com a teoria de que a civilização teria começado a partir do primeiro osso curado (no caso, um fêmur, maior osso do corpo humano, datado de 15 mil anos atrás, descoberto num sítio arqueológico). Seria, de acordo com a pesquisadora, a primeira prova de cuidado de uma pessoa para com a outra, manifestada pela cura.
– Eu estava imersa em questões trazidas pela pandemia, sobre a necessidade de cuidarmos um do outro, quando recebi de um amigo um artigo sobre o osso cicatrizado, em que era feita essa reflexão: quando começou a civilidade? Para essa antropóloga, foi quando começamos a ter empatia. Justamente o sentimento que esse momento que atravessamos veio mostrar o quanto é necessário e urgente – explica a artista.
O encontro desta epifania com sua mente inquieta colocou a artista a trabalhar com ainda mais afinco na produção da série, que pode ser conferida até o próximo dia 30. Feitas a partir de técnicas de pintura acrílica e a óleo, as telas também trazem um pouco do que a florense aprendeu em cursos feitos durante a pandemia, com nomes como Adalgisa Campos e Márcia Pastore. Outra influência foi a do também artista plástico porto-alegrense Fernando Baril, que antes da pandemia visitou uma exposição da qual Terezinha participou no Complexo Fabbrica.
– É um grande mestre, que me deu dicas muito valiosas, principalmente sobre criar não apenas movida pela catarse, mas também com muito estudo, aberta ao uso de outros materiais, a aprender outras técnicas. Hoje tenho muito nítido que quero que a pessoa olhe o meu trabalho e que as cores as façam ter suas próprias sensações e que ela as transforme em ideias e pensamentos para a sua vida – reflete.
PARA TER EM CASA
Para valorizar aqueles que apreciam a arte mesmo em tempos de pandemia, Terezinha Finger irá sortear 60 estudos seus – no caso, desenhos em 20cm x 30cm – para os visitantes da exposição. Interessados em participar só precisam informar nome e número de telefone no livro de visitas. Os sorteios irão ocorrer às sextas-feiras do período de exposição, sendo 15 unidades por semana.
– Quando comecei a pintar foi para que mais pessoas passassem a gostar de consumir arte. Muitas pessoas nunca adquiriram uma obra, por diversas razões, por isso acho bacana oferecer esse que pode ser o primeiro impulso. Que a pessoa possa levar para casa um desenho e, quem sabe, vê-lo como o início da sua própria transformação – comenta a artista.
Programe-se
O quê: exposição “Fêmur Cicatrizado”, de Terezinha Finger.
Quando: de terça-feira (6) até 30 de julho. Visitação de segunda a sexta-feira das 8h às 18h, e sábados das 10h às 16h.
Onde: Galeria Municipal de Arte Gerd Bornheim, na Casa da Cultura (Rua Dr. Montaury, 1.333, Centro), em Caxias do Sul.
Quanto: visitação gratuita.