Às vésperas da Festa Nacional da Uva 2022, começamos a destacar um pouco da história das empresas que impulsionaram o setor vitivinícola nas primeiras décadas do século 20. À época das quatro primeiras edições do evento — de 1931 a 1934 —, a firma Luiz Antunes & Cia já estava consolidada como uma das mais importantes do Rio Grande do Sul.
Suas modernas instalações, inclusive, foram tema de uma reportagem do jornal Correio do Povo, em sua edição de 5 de março de 1933 – logicamente, em plena Festa da Uva. Consta no texto original:
“A seção de fermentação funciona completamente a parte das demais seções daquele importante centro de atividade e de progresso. Lá se encontram, entre outro material, 15 tinas grandes para fermentação, duas desengastadeiras, bombas de mosto e, acima de tudo, a maior prensa, encontrada pelo chefe da firma numa grande fábrica alemã. Nos armazéns de alvenaria, que formam o magnífico conjunto da cantina, vimos nada menos de 95 tinas, de todos os tamanhos, distribuídas simetricamente e já cheias de vinho. Muito nos chamou a atenção as modernas máquinas do engarrafamento, que podem encher mais de 20.000 garrafas num dia. Uma vez lavadas, as garrafas, por meio de um transportador automático, são levadas para a seção de embalagem, na parte superior do mesmo armazém, aparelhagem essa que facilita a respectiva distribuição pelas diversas mesas. A rotulagem e a capsulagem são feitas, a seguir, por uma máquina de simples manejo, também da conhecida marca Seitz, que torna o serviço rapidíssimo, do mesmo tempo que dispensa o auxílio de oito operários”.
O interior da fábrica
Nas imagens acima, detalhes do interior da fábrica em 1933, com destaque para a seção de embalagem e rotulagem, equipada com um transportador automático de garrafas. Na foto mais abaixo, o enorme complexo em um bucólico bairro Panazzolo, no final dos anos 1950.
Vê-se os antigos prédios demolidos para a instalação do Fórum de Caxias do Sul, nos anos 1990, e a emblemática casa da família Lentz da Silva, ao lado do pórtico (mais à esquerda), ali até hoje.
A saber: de todo o conjunto, restaram o antigo prédio do escritório e do laboratório (atual Ponto de Cultura Casa das Etnias), a edificação à direita (Centro de Cultura Henrique Ordovás Filho), a chaminé e o pórtico (reconstruído após ser atingido por um caminhão em 2012). O majestoso casarão da família Antunes (posterior Quinta Estação) também ficou só na lembrança...
O declínio
Fundada em 1865, em Porto Alegre, e instalada em Caxias em 1913, a Vinícola Luiz Antunes viveu seu auge entre as décadas de 1930 e 1950. Porém, as constantes crises do setor registradas entre os anos 1960 e 1970 contribuíram para seu fechamento, em 1982.
Dívidas decorrentes de impostos com a União resultaram em um leilão de praticamente todo o maquinário e equipamentos, em 1984. Já em 1988, os prédios e a área foram cedidos pela Fazenda Nacional e passaram a pertencer ao Município de Caxias do Sul – responsável pela reforma das construções remanescentes.
Parceria
Parte das informações e fotos desta página são uma colaboração do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami e foram publicadas originalmente nas redes sociais da instituição.