A sala ainda está lá, no segundo andar do Centro de Cultura Henrique Ordovás Filho, mas sua ocupação deixou de ser a original há pelo menos 10 anos. Falamos da antiga capela da Cantina Antunes, até hoje lembrada por ex-funcionários da vinícola e moradores dos bairros Panazzolo e Exposição.
Conforme informações contidas no antigo boletim Mirante – Cantina Antunes, editado pela Secretaria Municipal da Cultura em 2003, a capela foi idealizada pelo casal Armando e Jandira Antunes, respectivamente filho e nora do imigrante português Luiz Antunes. Não há uma data precisa, mas a publicação cogita que o espaço tenha sido inaugurado entre 1943 e 1944, no último prédio construído pela firma Luiz Antunes & Cia – o atual Centro Municipal de Cultura Henrique Ordovás Filho.
Conforme pesquisa realizada pela historiadora Maria Abel Machado (in memoriam) e reproduzida na publicação, "a cantina tinha, aos fundos de um de seus pavilhões, uma pequena capela consagrada a São Luis, cuidada e conservada pelas operárias, onde eram realizadas cerimônias religiosas, como batizados e casamentos".
À época da pesquisa, as depoentes referiam-se ao espaço com carinho e admiração. Diziam que a capela era muito bonita, principalmente nos dias de casamento, quando era enfeitada com flores colhidas no jardim de dona Noêmia – uma das quatro filhas de Armando e Jandira e moradora do antigo casarão da família (o Quinta Estação).
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A decoração
Entre os destaques da capela estavam a Via Sacra em gesso e a imagem de São Luis nos fundos do altar – ambos foram encomendados pela direção da vinícola ao lendário Atelier Zambelli à época da inauguração, nos anos 1940.
As 14 estações e a estátua permaneceram na capela até o fechamento da empresa, quando foram recolhidas pelo Museu Municipal. Após as reformas que transformaram o prédio no Centro de Cultura Henrique Ordovás Filho, elas foram recolocadas no oratório – tempos depois, com o fechamento da igrejinha, as peças retornaram ao Museu. Já o altar, retábulo, bancos e outras peças sacras importantes desapareceram ainda no período de desativação da velha vinícola.
Atualmente, a capela que outrora foi um dos destaques do prédio nada mais é do que um depósito.
Com pesquisa e informações de Elenira Prux e da equipe do Arquivo Histórico Municipal João Spadari Adami.
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