Os últimos dias têm proporcionado muitos capítulos de uma novela de péssimo gosto na região. Falo da discussão, que foi parar na Justiça, sobre a instalação de uma sinaleira no acesso ao bairro de Forqueta, na zona oeste de Caxias do Sul. Uma intervenção simples, que não deveria nem ser notícia, mas que mostra muito sobre o jeito despreocupado e irresponsável de algumas autoridades em tratar os interesses dos cidadãos.
A questão é até anterior, mas para encurtar caminho, vamos ao momento em que ela voltou à tona. O debate foi retomado a partir de 29 de julho, quando o prefeito de Caxias participou de uma reunião com a diretoria do Departamento Autônomo de Estradas Rodagem (Daer). Na ocasião, Adiló Didomenico cobrou uma resposta para o pleito do município, de que fosse dada autorização para instalar semáforos no local, medida necessária para organizar o trânsito pesado existente no local e evitar mortes e acidentes, que haviam se tornado recorrentes ali. O projeto feito pela prefeitura havia sido enviado ainda em abril, e até então não havia sido dada uma resposta.
A partir daí começou um bizarro jogo de empurra. Na reunião, o Daer e outros órgãos estaduais não liberaram a obra, mas também não disseram que não seria possível, e deram a entender que a culpa pela demora era da CSG, responsável pelo trecho. A concessionária, por sua vez, já no dia 31 de julho, disse que o próprio Estado havia recusado, ainda em abril, a autorização para a instalação. Os motivos para o Daer já não ter informado o prefeito sobre essa situação permanecem sendo um mistério.
Cansado de enrolação, o prefeito de Caxias tomou uma decisão intempestiva, e por conta própria iniciou a instalação dos semáforos, já no dia 31. A reação da CSG foi rápida, e no mesmo dia a companhia foi ao local retirar um poste que havia sido implantado. A situação quase terminou em confusão, e a intervenção de moradores fez com que o poste ficasse no lugar.
Uma reunião entre as partes chegou a ser feita, mas como não se chegou a um acordo, a prefeitura optou por recorrer à Justiça para ter o direito de colocar o poste. A decisão do Poder Judiciário na última segunda-feira (12) foi negativa, o que era previsível, pois não há como fazer uma intervenção naquele ponto sem a autorização dos responsáveis legais pelo trecho, que são a CSG e o Estado.
Instalar uma sinaleira no meio de uma rodovia não é, segundo técnicos, a alternativa ideal, pois inevitavelmente acaba provocando retenção no trânsito. A questão é que não existe, neste momento, uma alternativa melhor para preservar a vida das pessoas que perdem tempo e se arriscam todos os dias para entrar em Forqueta. Não há viaduto previsto para aquele ponto, e mesmo a construção de uma rótula alongada, algo que está planejado, não deve acontecer logo. Como já existem várias sinaleiras na RS-122 entre Caxias e Farroupilha, fica difícil de entender por qual motivo não se permite que mais uma seja colocada.
Mas, muito pior do que qualquer justificativa técnica esfarrapada, é a inexistência de qualquer explicação. Por decisão da Justiça, a prefeitura não pode fazer. A CSG afirma que não é contra, mas diz que o Estado não autoriza. E o Estado, por sua vez, não diz nada.
No meio disso tudo, a população, totalmente à mercê de burocratas que não se comunicam e não parecem ter o mínimo contato com o dia a dia das pessoas. Triste exemplo de incompetência e de falta de empatia.