A operação da Polícia Civil gaúcha realizada na manhã desta quarta-feira (7) em 22 Estados e no Distrito Federal contra um esquema nacional de lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas resultou, até o momento, na prisão de sete pessoas. Três com ordem de prisão preventiva, todas em Mato Grosso do Sul, e quatro em flagrante — uma em Mato Grosso do Sul, uma em Minas Gerais e duas no Rio Grande do Sul.
Foram cumpridos 403 mandados judiciais em 113 municípios do país. Na lista de apreensões, estão 187 veículos, sete embarcações e nove aeronaves. Os bens móveis apreendidos ou indisponibilizados judicialmente são avaliados em R$ 43 milhões. No Pará, a polícia apreendeu mais de um quilo de ouro bruto durante o cumprimento dos mandados. Em Ponta Porã (MS), um homem foi preso com quase R$ 1 milhão em dinheiro.
No RS, foram 89 mandados cumpridos em 30 cidades. As prisões efetuadas no Estado foram registradas em Canoas, na Região Metropolitana, e em Seberi, no Noroeste. Ambas por posse ilegal de arma. Em Caxias do Sul, policiais foram a três endereços. O alvo na cidade da Serra é uma mulher de 26 anos, suspeita de atuar como laranja da organização. Ela não foi presa.
A maior parte dos mandados cumpridos no Estado, contudo, tinha como alvos endereços na Fronteira Oeste. Os municípios de Barra do Quaraí (13) e de Uruguaiana (seis) são as cidades gaúchas com o maior número de ações judiciais. Na região, está sediada uma rede de atacadistas de alimentos cuja participação no esquema é investigada. Segundo a polícia, unidades da rede recebiam valores vindos dos criminosos no Mato Grosso do Sul. O nome da empresa não foi divulgado.
— Analisando o caminho do dinheiro, chamou a atenção essa situação. Suspeitamos que esses valores posteriormente eram repassados a contas fantasmas de pessoas ligadas ao grupo criminoso gaúcho. Pela manhã, foram cumpridos mandados de busca e apreensão na sede desses estabelecimentos — relata o delegado Diogo Ferreira.
Investigação teve início em Passo Fundo
A investigação começou ainda em 2021, na Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) de Passo Fundo, onde foram feitas buscas em quatro endereços. Conforme o titular da Draco, delegado Diogo Ferreira, a partir da prisão de lideranças do tráfico de drogas na cidade, ligados a uma facção do Vale do Sinos, a investigação se concentrou na lavagem do dinheiro obtido por meio da venda de narcóticos.
— Através da quebra de sigilos bancários e telefônicos, identificamos que o dinheiro saía de Passo Fundo e ia para contas bancárias de laranjas e empresas fantasmas do Mato Grosso do Sul. No entanto, a investigação chegou a um montante de quase 400 pessoas envolvidas no esquema de lavagem de dinheiro em todo o país — detalha o delegado.
Centro financeiro era o MS
De acordo com a investigação, uma grande organização criminosa, com sede no sudeste do Brasil, operava o esquema de lavagem de dinheiro, que era utilizado por grupos criminosos de diversas regiões, incluindo a facção gaúcha. Além de empresas de fachada, eram utilizadas contas bancárias de pessoas físicas para movimentar o dinheiro do crime.
O centro financeiro da organização estaria em Mato Grosso do Sul, onde os operadores recebiam os valores que depois devolviam “limpos”.
Quatro suspeitos, apontados como operadores do esquema, movimentaram cerca de R$ 400 milhões em nove meses. Três deles foram presos na operação desta quarta.
— A ação coordenada pela Draco de Passo Fundo, em âmbito nacional, atingiu a parte mais importante do crime organizado, que é a lavagem de dinheiro. Essa é a forma mais eficaz de enfraquecer o crime organizado, por meio da asfixia financeira, retirando o lucro desses grupos. O saldo foi positivo — avalia o secretário de Segurança Pública do Rio Grande do Sul, Sandro Caron.
Ofensiva contou com 1,3 mil policiais no Brasil
A 4ª fase da Operação Fim da Linha mobilizou 1,3 mil policiais em todo o Brasil e contou com o apoio logístico e operacional da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), do Ministério da Justiça e Segurança Pública.
Entre as ordens judiciais, há quatro mandados de prisão e cerca de 400 mandados de busca, além de sequestros de bens e bloqueios de contas bancárias, totalizando 925 ordens judiciais.
Nas três fases anteriores da operação, a Draco prendeu 65 suspeitos, cumpriu 110 mandados de busca, apreendeu 720 quilos de maconha e 26,8 quilos de cocaína, além de dezenas de veículos. A primeira e a segunda fases ocorreram em fevereiro de 2022, enquanto a terceira foi em julho do mesmo ano.
Um balanço das ações desta quarta fase deve ser divulgado ao fim do dia desta quarta-feira.
Os números da Operação Fim da Linha*
- 22 Estados e o Distrito Federal
- 113 cidades do Brasil
- 403 mandados judiciais, entre prisões, buscas e apreensões
- 925 ordens judiciais, o que inclui ainda sequestros de bens, quebras de sigilos telefônicos e bancários, entre outras ações
- 89 mandados cumpridos no Rio Grande do Sul
- 30 cidades gaúchas alvos de mandados
- 3 prisões preventivas efetuadas no Mato Grosso do Sul
- 4 prisões em flagrante: 1 no Mato Grosso do Sul, 1 em Minas Gerais, 2 no RS (Canoas e Seberi)
*Dados parciais divulgados pela Polícia Civil até o fim da tarde desta quarta-feira (7)