Por Nadja Hartmann, jornalista
Com os nomes de candidatos à prefeito praticamente definidos em Passo Fundo, a interrogação que ainda paira no ar é quanto ao segundo nome de cada dupla. À exceção da majoritária que irá reunir partidos de centro-esquerda e esquerda, que já definiu o nome do médico Júlio Stobbe (PT) para vice do ex-prefeito Airton Dipp (PDT), as demais candidaturas majoritárias ainda não anunciaram a formação oficial.
Porém, extraoficialmente as cartas já estão na mesa. No caso da frente que irá reunir os partidos de direita, todos os indícios e probabilidades apontam para o nome de Cláudio Dóro (Podemos) para formar a dupla com Márcio Patussi (PL). Em 2020, juntos, os dois fizeram 43 mil votos, três mil a mais do que Pedro Almeida, mas a matemática da política não admite simplismos. Ou seja, nem sempre 2+2 é igual a 4. O anúncio da majoritária deve ser feito em maio e a frente de direita em Passo Fundo irá reunir cinco partidos.
Insatisfação na base
Apesar de ser considerado um partido de centro-direita, o União Brasil não irá apoiar a majoritária Patussi-Dóro. O partido está fechado com o PSD de Pedro Almeida, onde, aliás, pressiona para indicar o candidato à vice, com a alegação de dar uma “cara” mais de direita à chapa. Um dos nomes cotados é Patric Cavalcanti, recém chegado ao União Brasil, mas o vereador Rafael Colussi também está no páreo.
Porém, em reunião com os partidos da base na semana passada, foi anunciado que o lugar já está reservado para o MDB, com Volnei Ceolin formando a dupla com Pedro Almeida. Segundo fonte ouvida por esta coluna, o anúncio causou insatisfação nos partidos da base, em especial, no União Brasil e PSDB, até mesmo porque esta seria a terceira eleição consecutiva com o MDB na majoritária. Dizem que a coisa ficou tensa...
“Cara” de direita
Sendo assim, ambos os partidos não bateram martelo ainda na formação da coligação. Um dos argumentos é que apesar de Volnei Ceolin ser um nome respeitado entre os militares e alas bolsonaristas da cidade, o MDB está longe de representar a direita e, por isso, não serviria para neutralizar a “cara” de centro-esquerda do atual governo, que conta com o PSB como aliado.
Por outro lado, o MDB tem a seu favor o fato de provavelmente assumir o governo do Estado em 2026, com Gabriel Souza substituindo Eduardo Leite, que deve ser afastar para concorrer ao Senado. Além disso, o atual vice-governador teria sido determinante na articulação que trouxe Danrlei de Deus para o governo, garantindo a cadeira de Luciano Azevedo na Câmara dos Deputados.
“Upgrades”
Além das eleições de 2026 e até mesmo das de 2028, as articulações que estão acontecendo agora se baseiam em outros dois fatores importantes, que pesam tanto quanto o potencial eleitoral de cada nome: o fundo partidário e o tempo de propaganda eleitoral. No quesito tempo, o PL, por possuir o maior número de deputados, sai em vantagem, seguido de perto pela federação PT-PCdoB-PV, que deve dar o upgrade na campanha da frente de esquerda, já que o PDT sozinho possui pouco tempo em função do encolhimento do partido em nível nacional.
Logo atrás do PL e do PT, mas não menos importantes, vêm o União Brasil e o PP, partidos que devem compor a coligação de apoio à reeleição de Pedro Almeida e compensar o tempo menor de propaganda do PSD e MDB.
Retrospecto 2020
Quanto aos recursos do fundo partidário, partindo do retrospecto dos dois candidatos mais votados nas últimas eleições municipais, do total de receitas da candidatura de Pedro Almeida, 97,85% foram bancadas pelo PSB, que repassou R$ 500 mil ao candidato, sendo R$ 300 mil do diretório estadual e R$ 200 mil do diretório nacional.
Em 2020, segundo o site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Pedro Almeida declarou um total de despesas de R$ 498.958 na campanha. Além do fundo partidário, a campanha recebeu R$ 11 mil de doações de pessoas físicas. Já Márcio Patussi recebeu R$ 350 mil do PDT e R$50 mil do PP, o que representou 86,3% dos recursos.
O total gasto pelo candidato na campanha foi R$ 461.993, sendo que o restante do valor foi pago com recursos próprios (R$ 30 mil) e através de doações de pessoas físicas (R$ 33,5 mil). O limite de gastos das candidaturas à majoritária no município em 2020 estipulado pelo TSE foi de R$ 502 mil. O cálculo é feito tendo como base o limite da eleição anterior, acrescido do IPCA dos últimos quatro anos.
A propósito I: interessante observar que, apesar do alto investimento feito pelo PSB e PDT nas campanhas de Pedro Almeida e Márcio Patussi em 2020, ambos deixaram os partidos pouco tempo depois das eleições...
A propósito II: pensando nas eleições de 2026, fica difícil entender a opção do PSB de não se aliar ao campo de esquerda no município, já que certamente o partido virá ao lado de partidos de centro-esquerda e esquerda nas eleições gerais. Mas para além do cenário em nível nacional e estadual está a eleição à Câmara dos Deputados no município, com uma possível candidatura à deputado federal de Beto Albuquerque, que disputará com Luciano Azevedo (PSD) o voto dos eleitores passo-fundenses.
Cabos eleitorais
Com a proximidade das eleições, a cada semana Passo Fundo vem recebendo mais visitas de parlamentares que nesta época incorporam o papel de cabos eleitorais de luxo dos partidos, até porque uma mão lava a outra em cada eleição. No dia 19 foi a vez do deputado estadual Rodrigo Lorenzoni (PL). Ele participou do Seminário Conservador no Sindicato Rural, que, aliás, cada vez mais vem servindo como um dos QGs da direita no município.
Já nesta sexta-feira (26) será a vez da deputada federal Fernanda Melchiona (Psol) que escolheu Passo Fundo como um dos municípios para o lançamento do seu primeiro livro “Tudo isso é feminismo? Uma visão sobre histórias, lutas e mulheres”. Falando em feminismo, depois do deputado Matheus Gomes (Psol) ter sido acusado de machismo por ter se reunido com o PT durante a sua visita a Passo Fundo, passando por cima do diretório municipal, presidido por Ingra Costa e Silva, a deputada Fernanda vem devidamente chancelada pelo diretório municipal do partido.
Ranking
Em um ano e um mês de mandato, o deputado Luciano Azevedo (PSD) protocolou o seu 11º projeto de lei na Câmara dos Deputados. A proposta visa estabelecer um novo prazo de registro imobiliário para aprovação de loteamento ou de desmembramento, que hoje é de 180 dias. Segundo a justificativa do projeto, o prazo é insuficiente diante do extenso rol de documentos que precisam ser apresentados.
Diante disso, o deputado pede que seja estendido o prazo para 360 dias, o que, segundo ele, reforçaria o ambiente de negócios entre loteador e compradores. Outra deputada da região em primeiro mandato, Reginete Bispo (PT), protocolou nove projetos até agora. Depois, vem Ronaldo Nogueira (Republicanos), que assumiu em novembro do ano passado, e apresentou seis projetos, seguido de Giovani Cherini (PL), com quatro projetos em pouco mais de um ano, e Márcio Biolchi (MDB), com dois.
Mas como um mandato não se faz só com projetos, o deputado Luciano Azevedo comemorou esta semana a marca de mais R$ 14 milhões liberados para Passo Fundo e região. Os recursos são dos ministérios da Saúde, Agricultura e Turismo, que irão beneficiar 30 municípios.
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