Prestes a completar um mês de funcionamento, na sexta-feira (7), a Central de Doações organizada pela Defesa Civil do Estado em Passo Fundo, no norte gaúcho, segue destinando mantimentos aos atingidos pelas enchentes. O espaço é abastecido pela comunidade e as remessas são enviadas a partir de pedidos das prefeituras gaúchas.
A logística tornou-se alvo de críticas nas redes sociais e chegou a ser discutida em sessão da Câmara de Vereadores na última segunda (3), quando os parlamentares afirmaram que as doações passaram a ficar represadas desde que o Estado assumiu as operações no espaço.
Entre os argumentos dos críticos está a redução no número de remessas enviadas às cidades atingidas. Em maio, quando teve o maior fluxo, o Centro de Doações chegou a despachar 50 remessas em um único dia. Hoje, segundo a Defesa Civil, são enviadas no máximo cinco cargas diárias para as cidades atingidas. Desde o início até terça-feira (4), 479 carregamentos saíram do centro para mais de 70 destinos no Rio Grande do Sul.
Questionada, a Defesa Civil disse que a redução tem a ver, principalmente, com a queda na demanda de doações em meio a reconstrução das cidades atingidas. Isso porque todas as destinações são feitas em nome de prefeituras dos municípios afetados pelas enchentes e há fiscalização de órgãos de segurança para garantir que o pedido chegue ao destino.
— Houve um boato de desvio de donativos, cargas de bananas e roupas, mas nós temos tudo registrado e protocolado. Tudo que entra e sai da central é anotado e colocado em um sistema. Neste caso em questão (das cargas de bananas e roupas), houve a doação de perecíveis a ONGs da cidade para não perdermos o produto. O mesmo aconteceu com os hospitais daqui, que receberam água, pois as cidades não estão pedindo e estávamos com grande estoque, tudo devidamente registrado — explicou o coordenador responsável pela Central de Doações de Passo Fundo, major Luis Sandro Martins, da Defesa Civil da Fronteira Oeste.
O tenente-coronel Darci Bugs, coordenador da Coordenadoria Regional de Proteção e Defesa Civil em Passo Fundo, rejeitou todas as acusações de irregularidades e classificou as supostas denúncias como "desserviço". Segundo ele, o órgão público já tomou todas as medidas cabíveis em relação aos vídeos.
— Esses vídeos não condizem com a realidade, são feitos por pessoas que, inclusive, chamam a atenção por não mostrar o rosto, não se identificar. Estamos aqui de forma transparente para explicar tudo o que está acontecendo e já providenciamos os devidos registros legais para que possamos dar andamento, pois isso é um desserviço à sociedade — pontuou.
Qual a operação da Central de Doações no momento
Conforme os dados repassados pela Defesa Civil, os destinos da última semana foram Porto Alegre, Canoas, Eldorado do Sul, Benjamin Constant do Sul, Soledade, Iraí, Três Palmeiras, Tenente Portela e Lagoa dos Três Cantos.
Para o funcionamento de logística, triagem e envio, o local conta atualmente com o trabalho de cerca de 50 soldados do Exército. Conforme Martins, no momento, um gargalo da operação é a redução do número de maquinários, antes destinado através de empréstimos de empresas da cidade e região.
— Tudo que temos aqui dentro é doado ou emprestado. Os donativos vieram de todo Brasil, e o maquinário para transportar e até carregar vem de empresas da cidade. Com o passar dos dias, estamos precisando devolver nossas ferramentas de trabalho, tudo isso dificulta o nosso resultado — finaliza.
No fim do mês de maio, o governo do Estado assumiu o comando e a operação do centro e informou que a logística de entrega dos donativos deve passar a ser gerenciada pelos Correios. Contratada, a empresa ficará responsável pelo recebimento, armazenamento e distribuição das doações no Estado. Essa transição ocorrerá primeiro em Porto Alegre e depois nos demais centros logísticos do Estado Ainda não há informações sobre quando a operação dos Correios começará a ser implementada na cidade.
ONGs de Passo Fundo podem acessar doações
Enquanto isso, entidades sociais de Passo Fundo podem buscar doações de itens perecíveis, água e roupas na central que fica na área da antiga Manitowoc. Para receber os donativos arrecadados, as instituições precisam encaminhar um ofício formalizando a solicitação dos itens. No texto, é preciso constar quais as necessidades da ONG para que o repasse seja avaliado, como explicou Bugs:
— Nós recebemos tanto água quanto roupas em grande quantidade, então temos autorização para repassarmos a determinadas entidades, tudo devidamente registrado e controlado através de um ofício dessas entidades. Isso também ocorre com perecíveis, que também fomos autorizados a fazer o repasse também com o devido controle.
O que doar e o que não doar no momento
- O que precisa: Alimentos (arroz, feijão, farinha, café e leite em pó), produtos de limpeza em geral, e itens de higiene pessoal (absorventes, fraldas, escovas de dente e itens para bebês)
- O que não precisa: água, roupas e colchões