Desde o começo de maio, o Centro de Distribuição de Doações de Passo Fundo enviou 387 cargas com donativos às cidades atingidas pelas enchentes no Vale do Taquari e Região Metropolitana do Rio Grande do Sul. O espaço fica no pavilhão da antiga Manitowoc, no bairro Valinhos. Da última segunda (20) até esta sexta-feira (24), foram 39 cargas.
O trabalho de entrega é feito por voluntários que disponibilizam caminhões e veículos para levar os mantimentos até os municípios atingidos. Neste time, quem ajuda desde o primeiro dia é o voluntário Marcos Thiago Schaeffer. Funcionário de uma empresa de transportes, ele deixou o setor que era responsável para fazer o serviço de entrega voluntária.
Na linha de frente, ele perdeu as contas de quantos quilômetros já rodou para chegar a Canoas, Porto Alegre, Encantado, Putinga, Roca Sales e Muçum. Schaeffer dirige um dos 40 caminhões disponibilizados pela empresa para o transporte das doações.
— Nos primeiros dias, viagens de três ou quatro horas se tornaram percursos de um dia e meio. Foi difícil, em alguns locais senti medo e fomos escoltados pela Polícia Federal porque estavam saqueando as cargas. Hoje já está mais tranquilo, mas cada hora vamos por um lugar, mudando conforme os bloqueios. A rotina ainda é puxada, mas vamos seguir fazendo enquanto for necessário — resume.
Na manhã desta sexta-feira (24), o caminhão dele partiu rumo à capital gaúcha carregado de duas toneladas de cestas básicas, a pedido da prefeitura de Porto Alegre. Tudo é gerenciado e fiscalizado pela Defesa Civil e órgãos de segurança para garantir que o pedido chegue ao destino.
Até o veículo ser carregado e seguir seu destino, voluntários auxiliam no processo de triagem e embalo das doações. Mesmo após 20 dias de trabalho, ainda há quem se voluntarie pela primeira vez, como a auxiliar de clínica, Nicolly Veseloski, 20 anos. Com dispensa no trabalho para ajudar nas doações, ela conta que se comoveu após relatos dos pacientes atendidos, e resolveu ajudar:
— Recebemos pessoas de fora, que vêm para atendimento de saúde. Diminuiu muito a procura e os que vêm falam que ainda têm parentes desaparecidos, ou como foram afetados de alguma forma. Como nós não fomos atingidos, nosso papel é ajudá-los, não consegui mais ficar em casa sem fazer algo.
Gerenciamento da Central de Doações passa a ser da Defesa Civil Estadual
A partir desta sexta-feira, o comando e operação da Central de Doações de Passo Fundo passam a ser da Defesa Civil Estadual, e não mais do órgão municipal. As doações seguem armazenadas na unidade da antiga Manitowoc, sob responsabilidade do coordenador regional da Fronteira Oeste, Luis Sandro Martins.
— A equipe municipal agiu em um momento de emergência, foram essenciais para estruturar o local e dar a resposta imediata que o Estado necessitava. Agora, passamos a um segundo momento, o município segue apoiando, só não faz mais o gerenciamento. É o andamento natural dos fatos — explica Martins.
O que doar e o que não doar no momento
As necessidades atuais seguem sendo alimentos e itens de higiene e limpeza. No caso das cestas básicas, há o pedido para a substituição do leite para a opção em pó, o que facilita o transporte e o armazenamento em abrigos.
A Defesa Civil Municipal também alerta para donativos que não são mais necessários, pela grande quantidade em estoque e baixa procura dos municípios. Veja a seguir:
- O que precisa: Alimentos (arroz, macarrão, feijão, farinha, café e leite em pó), produtos de limpeza em geral, e itens de higiene pessoal (fraldas, escovas de dente, shampoos e sabonetes)
- O que não precisa: água, roupas e colchões.