Praticar atividades físicas, seja ao ar livre ou em academias, é sinônimo de qualidade de vida. Contudo, os dias mais frios e as férias acadêmicas, nesta época do ano, podem desestimular a procura pelos exercícios físicos na cidade, como relataram donos de academias à GZH Passo Fundo.
Proprietário de uma academia no centro de Passo Fundo, Leo Nunes relata que o estabelecimento teve uma redução de 15% no número de alunos desde o começo de junho. O número se compara à frequência nas estações mais quentes, quando há mais movimento no local.
Mas, segundo Nunes, o índice não é tão alto se comparado à média esperada pelos empresários do setor. Ele conta que é comum que proprietários de academias se preparem para uma redução de até 30% no movimento durante o inverno.
— Consideramos uma redução pequena neste ano, se comparado à média de outros estabelecimentos e anos anteriores — disse.
Na academia de Fernando Brotto, no bairro Petrópolis, além do frio, as férias também contribuíram para a redução do movimento. Segundo ele, a estimativa de queda nos meses de junho e julho foi de 10%.
— Como boa parte do nosso público é de universitários, nessa época do ano é comum cair a frequência, visto que muitos alunos têm familiares longe — relata Brotto.
Em outro estabelecimento, no centro da cidade, a estimativa de redução no movimento foi de 5%. O dono, Fabiano de Oliveira, atribui a diminuição às férias acadêmicas.
— Em relação ao frio, a baixa se deu principalmente nos primeiros dias, quando a temperatura mudou bruscamente e logo chegaram as chuvas, o que afugentou os alunos. Mas aos poucos eles se adaptam e retornam — falou.
O mais comum nesses casos é a mudança de horários. Em vez de desistir dos treinos, muitos alunos passam a treinar em períodos mais quentes do dia, como no final da manhã e à tarde, por exemplo.
O professor e pesquisador do curso de Educação Física da Universidade de Passo Fundo (UPF), Nelson Tagliari, confirma que existe uma diferença perceptível na frequência dos alunos nos dias mais quentes em relação aos mais frios.
— No inverno, o corpo não fica tão exposto quanto no verão. Como a maioria dos frequentadores de academia buscam o exercício por questões estéticas, é comum que no inverno o movimento diminua. A disposição também diminui devido ao frio e a tendência é que as pessoas fiquem mais em casa — afirmou Tagliari.
Estratégias para evitar a saída
A flutuação sazonal nas academias, causada pelo frio e pelas férias, já faz parte da previsão anual do setor. Por isso, é comum que estabelecimentos busquem ações para captar e manter alunos nessa época do ano.
É o caso de outra academia do centro de Passo Fundo, que ofereceu promoções antes da chegada do inverno. Isso fez com que o movimento continuasse mesmo nos dias mais frios, como relatou a gerente administrativa Bruna Andrade.
— A frequência não só não caiu, como até melhorou — relatou ela.
Outra estratégia para manter os alunos é identificar e montar treinos de acordo com o perfil e gosto de cada um, contou Priscila Marchi, coordenadora da academia do Sesc Passo Fundo. Segundo ela, isso ajuda a manter a motivação nessa época do ano e, de quebra, favorece para que o exercício entre de forma mais “natural” na rotina dos adeptos.
— O mais difícil no inverno é sair de casa, dar o primeiro passo. Por isso a importância da rotina para que, quando [a atividade física] for incorporada ao dia a dia do aluno, se torne um hábito — afirmou.
Pouco a pouco, o treino vira algo fundamental na rotina das pessoas, como é o caso de Davi Luís Gomes Lima, de 33 anos. Seu cotidiano não é o mesmo se não for treinar diariamente, faça frio ou calor.
— Se não vou treinar, parece que falta algo no dia. Além dos benefícios físicos, a prática esportiva tem relação direta com a saúde mental, e é por isso que sempre busco tempo para me exercitar. Mas para isso precisa ter bastante disciplina, pois nem sempre acordamos 100% motivados — contou.
Por que manter a frequência é ideal
Segundo Tagliari, o mais indicado é não parar as atividades físicas abruptamente, seja por causa das férias ou do frio. Isso porque, quando há uma interrupção, a tendência é que o corpo perca os benefícios dos exercícios rapidamente, tanto na parte estética quanto no organismo.
— A pessoa gasta mais calorias para manter o corpo aquecido no frio. E isso se reflete na alimentação, uma vez que tendemos a comer mais. Se a pessoa diminui o ritmo dos treinos, em função da preguiça, o que é normal nessa época do ano, corre o risco de ganhar uns quilos — pontua.
Por isso, a prática de atividades físicas é recomendada o ano todo. Para fazer com que os exercícios entrem na rotina, o ideal é buscar por profissionais qualificados, se atentar à alimentação e hidratação e buscar a modalidade que motive o alunos para dar continuidade aos treinos.