O ano está terminando, mas os trabalhos no Sport Clube Gaúcho estão apenas começando. Desde a posse da nova diretoria e o anúncio da renovação do técnico Vanderson Pereira, em outubro, o clube se movimenta para traçar a temporada 2024.
Em entrevista a GZH, o treinador afirmou que o clube está analisando o mercado e já tem acerto verbal com pelo menos sete jogadores para a disputa da Divisão de Acesso. No entanto, o clube não deve anunciá-los antes de janeiro, que é quando poderá realizar o vínculo dos jogadores e cedê-los para atuar na Série A do Gauchão por empréstimo.
Vanderson disse que o planejamento é começar a pré-temporada entre a última semana de fevereiro e a primeira de março, dependendo da data de estreia do time na Divisão de Acesso. A ideia é contar com um elenco de 25 jogadores. Confira, a seguir, a entrevista com o técnico Vanderson Pereira.
GZH: como está o trabalho de montagem do elenco para 2024?
Vanderson: Na realidade a gente vem trabalhando desde o meu anúncio. Conversamos muito com o presidente Luciano Azevedo e o restante da diretoria, que estão envolvidos diretamente com o futebol. Desde aquela época, a gente começou a utilizar o banco de dados que temos, procurando atletas viáveis para o nosso planejamento. Claro que a dificuldade é grande neste momento, pois todo atleta que estamos consultando são atletas nível Série A. Então, a gente pega uma concorrência um pouco desleal até pelos valores.
Esses atletas que têm protagonismo pretendem esperar até o último momento para ver se surge uma vaga em times de Série D ou Série C do Brasileirão. Quer queira, ou não, os valores são similares. Mas os jogadores têm em mente que uma divisão nacional é mais importante e a gente respeita isso. Porém, já temos algumas coisas bem engatilhadas.
Com a virada do ano já poderemos deixar alguns atletas vinculados e emprestar para jogar a Série A. Mas estamos bem contentes da maneira como estão andando. Estamos trabalhando desde o início deste processo de montagem do grupo, então as chances são maiores.
GZH: quantos atletas estão acertados para jogar no Gaúcho em 2024?
Vanderson: Acertado mesmo somente os meninos que têm vínculo com o clube. São três jogadores da base. O restante estão com conversas encaminhadas, porém, não estão com contrato assinado. Temos sete jogadores que, a partir de janeiro, devem estar vinculados ao clube. Depois disso, podemos divulgar.
Temos apalavrados comestes jogadores. A gente faz o vínculo, empresta para jogarem no Gauchão e eles não contam como ficha de Série A para nós. Depois, teremos mais oito vagas de Série A para trazer para o grupo.
GZH: quando que o elenco deve se apresentar para a pré-temporada?
Vanderson: Depois do congresso técnico da Divisão de Acesso, a gente marca a reapresentação. Nesse ano a competição começou 9 de abril. A tendência, pelo que se fala, é que o campeonato inicie em 14 de abril. Se for assim, começaremos no começo de março.
Se iniciar no dia 7 ou 9, apresentamos no final de fevereiro. A maioria dos atletas que irão vir já estão em ritmo de jogo. Uma pré-temporada de 20 a 25 dias é o ideal. Eles já fizeram pré-temporada pelos clubes da Série A. Aumentar a carga física pode ser prejudicial.
GZH: qual a característica de time que você pretende montar?
Vanderson: A gente não pode fugir da característica da competição. Eu gosto de um futebol bem jogado e propositivo, que pressione o adversário o tempo todo. Mas temos que entender que pegaremos campos ruins, que uma bola parada poderá definir os jogos.
Nem sempre o teu time será o protagonista das ações. A gente tem essa consciência. Vamos montar um time de muita força, de muita velocidade. Claro que aquelas peças que são para desequilibrar as partidas, teremos que trabalhar muito em cima disso.
GZH: em 2023, você assumiu o Gaúcho em meio à disputa da Divisão de Acesso. Agora, começa o trabalho desde o início, já na montagem da equipe. Qual a importância de abrir a temporada no comando do time?
Vanderson: Para mim, particularmente, sempre foi muito importante começar a temporada. Todas as minhas equipes que eu comandei, montando os elencos, a gente conquistou os objetivos. Tenho consciência disso, mas também é uma responsabilidade. Estamos tendo um trabalho muito grande na escolha desses atletas. Estamos tendo o compromisso e sabemos de tudo o que envolve montar o elenco para uma temporada, mas estamos confiantes.
Acredito muito no meu trabalho e no da comissão. A gente tem mais esse plus que poderemos acompanhar os atletas que teremos vínculo. Deixaremos umas três ou quatro vagas para o momento que a competição afunila. Esse ano talvez mude o regulamento. Talvez a Federação Gaúcha de Futebol (FGF) proponha todos contra todos em turno único e classifica os oito primeiros. Acho justo, pois todos se enfrentam e as equipes que têm mais condições passam de fase.
GZH: quantos jogadores você pretende ter no elenco?
Vanderson: Eu não gosto de trabalhar com um grupo muito extenso. É um campeonato curto. Se fosse um ano de competição precisa ter grupo, tudo bem. Nessa competição, juntando com pré-temporada você tem cinco meses de trabalho. Então, um grupo de 25 atletas é o suficiente.
GZH: qual o objetivo traçado para a temporada?
Vanderson: Pela tradição que o Gaúcho tem, o objetivo é o maior possível, que é conseguir a vaga na Série A. A gente sabe que, assim como o Gaúcho, tem outras 13 equipes que irão brigar por isso. Claro que a gente vai com muito trabalho se candidatar a essa situação. Primeiro buscar uma vaga entre os oito. Depois na semifinal e se tiver competência, conseguir uma vaga na elite de 2025.
GZH: você considera possível competir com os demais adversários, ainda mais em um momento em que vários clubes viraram SAFs?
Vanderson: A gente tem exemplos no próprio Brasileirão com relação as SAFs (Sociedades Anônimas de Futebol). É importante a criação, mas passa por um processo de reestruturação e você não consegue num primeiro momento fazer todos os investimentos dentro do elenco. Eles fazem investimento na estrutura física, no CT. As SAFs vieram para isso, para profissionalizar o futebol.
Vou citar o exemplo do Futebol Com Vida. Eles subiram de divisão, mas o propósito do Sandro Becker sempre foi revelar atletas e não ter como objetivo chegar na Série A. Mas o time andou e chegou na Divisão de Acesso. Só que na Divisão de Acesso é outro patamar com times tradicionais, que são acostumadas à Série A. Por não ter ainda um poder de aporte tão grande, não consegue trazer aqueles atletas que uma equipe tradicional consiga.
Quanto mais profissonalismo no futebol, melhor. Com diretores profissionais é melhor para tudo. Mas acho que isso não vai ser tão rápido. É um processo bom. As equipes que não se profissionalizarem vão ficar para trás. Mas isso vai demorar, principalmente no nosso interior.