Débora Pradella, gerente de Produto e Experiência Digital no Grupo RBS e membro do Conselho Editorial da RBS
As Eleições 2024 começaram a tomar forma com o início da propaganda eleitoral no dia 16 de agosto. Além da presença de bandeiras nas ruas, o que já se percebe é um investimento robusto em conteúdo e publicidade digital desde o primeiro dia da campanha. E este contexto traz novos desafios e oportunidades para a cobertura jornalística.
A disseminação de notícias falsas é o principal deles. Com o uso de inteligência artificial, novas formas de enganar o eleitor foram inventadas — hoje é possível criar um vídeo simulando falas e expressões de um candidato sem que ele jamais tenha falado sobre determinado tema, por exemplo. Nesta semana, o TSE inclusive atualizou a Resolução nº 23.610 para coibir deepfakes e o uso de robôs nas campanhas, além de responsabilizar big techs (como Google e Facebook) que não retirarem do ar conteúdos com desinformação.
O jornalismo profissional entra como mais um antídoto para combater as notícias falsas e garantir informação de qualidade para os eleitores. Trago aqui cinco pontos que podem guiar uma boa cobertura digital para as Eleições:
- Checar em tempo real: ter velocidade para verificar declarações com dados quantitativos e oficiais pode ajudar a frear a propagação de informações falsas. A iniciativa “É isso mesmo?”, do GDI, que conferiu a veracidade das falas dos pré-candidatos à prefeitura de POA durante o primeiro debate da Gaúcha é um exemplo disso.
- Educar o público: não presumir que todos têm o mesmo nível de informação e ensinar a audiência sobre o pleito eleitoral e sobre como verificar conteúdos através de gráficos, vídeos, listas e explicações detalhadas.
- Ser transparente: deixar claro de onde saíram as informações publicadas e dar visibilidade para organizações respeitadas de verificação ajuda as pessoas a entender o processo de um veículo profissional de jornalismo e a reforçar a credibilidade e a busca por fontes confiáveis.
- Engajar e dar voz à população: conversar com as comunidades locais para criar conteúdos que ajudem verdadeiramente as pessoas a decidir seu voto é uma maneira de se antecipar à desinformação e criar proximidade e conexão.
- Levar o conteúdo até as pessoas: só se combate a desinformação levando conteúdo de qualidade aos locais em que as mentiras são disseminadas. Veículos profissionais precisam distribuir conteúdo nas mais diversas redes sociais, com linguagem e formatos apropriados para preencher as lacunas que são ocupadas pelas notícias falsas.