Por José Galló, empresário e membro do Conselho Editorial da RBS
Quando o movimento Transforma RS trouxe, em plena enchente, o consultor em catástrofes da ONU, da Cruz Vermelha e do Unicef Marcio Gagliato, que atuou em tragédias na Líbia, na Somália, na Faixa de Gaza, no Irã, na Síria, na Polônia e na Ucrânia, ele listou alguns fatores fundamentais para que o RS supere a catástrofe e se reconstrua.
1) A solução precisa ser apartidária.
2) A saída da crise deve se dar com o agente local – o governador e os prefeitos.
3) É preciso saber que a solidariedade dura de dois a três meses.
4) Deve-se tomar muito cuidado com os mais desamparados, buscando resolver as emergências para evitar uma instabilidade social.
5) A reconstrução pode levar de seis a sete anos.
São necessários muitos recursos e uma união de Estado e iniciativa privada, trabalhando em conjunto
6) É necessário reconstruir melhor do que era antes.
Sim, a solução precisa ser criativa e há uma oportunidade de avançar em relação ao que se tinha antes da enchente, erguendo um Estado atualizado para os novos tempos. Problemas como retirada de matas ciliares à beira dos rios, estradas sem escoamento, assoreamento de rios, pontes construídas para uma realidade de décadas atrás ou cidades com construções que não permitem escoamento da água precisam ser resolvidos.
Mas como vamos fazer tudo isso? São necessários muitos recursos e uma união de Estado e iniciativa privada, trabalhando em conjunto. Uma gestão adequada, reenergizando o projeto de desenvolvimento do RS, com atração de empresas, tecnologia, preparo sob o ponto de vista de segurança ambiental. A reconstrução, melhor do que éramos, pode alavancar o território gaúcho.
Este não é um projeto dos atuais governantes federais, estaduais ou municipais: é um projeto de Estado, até porque a reconstrução levará dois, três governos para acontecer. É o setor público em conjunto com o setor privado, com suas entidades empresariais, academia, que devem construir e aderir a este plano de reconstrução e, principalmente, garantir sua execução na íntegra, independentemente de quem seja o próximo governante.
Tudo isso precisa ser de conhecimento de toda a população, e é aí que entra o papel do jornalismo profissional e independente: a população precisa conhecer o plano, se conscientizar inclusive de questões mais técnicas e cobrar que tudo isso aconteça.