Um ano e um dia após uma inglesa se tornar a primeira pessoa no mundo a ser imunizada contra a covid-19 fora dos estudos clínicos, o Rio Grande do Sul alcançou a significativa marca de ter 70% da população com o esquema vacinal completo. O feito alcançado ontem é resultado, em primeiro lugar, de uma mobilização coletiva da sociedade, que soube pressionar pela aquisição das vacinas após uma série de hesitações iniciais do governo federal, e da compreensão da população de que a proteção individual e sobretudo coletiva representada pelos fármacos seria a melhora forma de salvar vidas e vencer a pandemia.
O principal é que a estratégia para suplantar a crise sanitária mostra-se efetiva e conta com altíssimas taxas de aprovação e aceitação dos cidadãos
A convergência de esforços que faz do Estado um dos ponteiros do país no ranking da imunização juntou governo estadual e prefeituras, autoridades da área da saúde, médicos, pesquisadores, divulgadores científicos e a imprensa profissional, além de movimentos da sociedade civil, como o Unidos pela Vacina – união de empresários, profissionais liberais e instituições públicas e privadas –, que mapeou nos municípios carência de itens e equipamentos e coordenou doações que permitiram acelerar a aplicação das doses, não só em cidades gaúchas, mas em todo o Brasil. Esta conquista, entretanto, provavelmente seria ainda mais árdua sem a adesão da esmagadora maioria da população, que entendeu a segurança e a eficácia das vacinas disponíveis no Brasil, a despeito da avalanche de notícias falsas, desinformação e teorias conspiratórias espalhadas nas redes sociais.
Com 70% dos gaúchos completando o esquema vacinal, o Estado supera os níveis de cobertura de nações ricas e com grande disponibilidade de imunizantes como Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha e Israel. Porto Alegre, da mesma forma, é uma das capitais mais avançadas do país, com mais de 73% dos habitantes totalmente imunizados. As estatísticas oficiais indicam ainda que 100% dos porto-alegrenses adultos tomaram a primeira dose. Outras cidades gaúchas também se aproximam de marcas relevantes, como Caxias do Sul, onde 66% da população está com o esquema completo.
O avanço da vacinação vem derrubando o número de casos, de complicações, de internações e, principalmente, de mortes. Mas o vírus ainda circula e, mesmo com a queda significativa dos óbitos, ainda são, nos últimas dias, cerca de 200 brasileiros perdendo a vida todos os dias. É preciso persistir na imunização, junto aos cuidados individuais, para que estes números sigam em uma curva descendente. A descoberta da variante Ômicron, que chegou ao país, requer cuidados adicionais e a manutenção do empenho para a cobertura ser ainda mais abrangente no Estado. São quase 850 mil gaúchos com a segunda dose atrasada. Ao mesmo tempo, é indispensável expandir a aplicação do reforço. Mas o principal é que a estratégia para suplantar a crise sanitária mostra-se efetiva e conta com altíssimas taxas de aprovação e aceitação dos cidadãos.
Se foi possível obter melhores indicadores na área, com impacto na vida real, é preciso acreditar que se possa também melhorar o desempenho na educação e na saúde