As famílias de baixa renda costumam gastar uma fatia maior dos ganhos com despesas básicas, como a alimentação. Ao longo dos últimos 12 meses até outubro, no entanto, esta conta sobe acima da inflação oficial do país. Enquanto o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) acumula variação de 10,67%, alimentos e bebidas apresentam uma elevação 11,71%. É um quadro que eleva imensamente as dificuldades de grande parte das famílias brasileiras, ainda mais em um contexto de desemprego alto e queda nos rendimentos da população.
Nesta época, também é preciso ressaltar, tem grande relevância o regime de chuvas, que influencia na produção e no custo da comida
Embora seja prematuro tratar como uma tendência, é positivo, neste contexto, o resultado do relatório do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), que mostrou, na passagem de outubro para novembro, a primeira redução do custo da cesta básica na Capital desde março. É verdade que a queda no valor necessário para adquirir o conjunto de 13 itens ainda é tímida. O recuo de 0,83% está muito distante de anular a alta acumulada de 11,31% no ano, mas ao menos surge a esperança de uma acomodação nos gastos. Nota-se, ao mesmo tempo, queda nos preços de produtos importantes na mesa como arroz (-1,74%), feijão (-2,06%), pão (-2,43%), leite (-2,6%) e batata (-4,99%). A alta, por outro lado, foi puxada pelo café (10%), que não é exatamente um item de primeiríssima necessidade para aplacar a fome.
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulga amanhã o IPCA de novembro. Mas o IPCA-15, considerado prévia do índice, já mostrou uma desaceleração de alimentos e bebidas em relação ao mês anterior, de 1,38% em outubro para 0,40% em novembro. Nesta época de desenvolvimento de lavouras de verão, também é preciso ressaltar, tem grande relevância o regime de chuvas, que influencia na produção e no custo da comida.
Outro indicador que traz alguma pista sobre impacto futuro nos preços ao consumidor é o Índice Geral de Preços – Mercado (IGP-M). Apurado pela Fundação Getulio Vargas (FGV), analisa especialmente o comportamento das matérias-primas e, por isso, reflete mais inflação no atacado.
O resultado de novembro trouxe uma surpresa positiva, com variação mínima de apenas 0,02%, abaixo das expectativas do mercado, puxado pela redução dos preços da soja e do milho. Aguarda-se, portanto, que o IPCA, amanhã, traga boas notícias para os brasileiros, permitindo também esperar que o Banco Central (BC) não precise prolongar por um período além do planejado o ciclo de alta do juro básico. Após mais uma elevação da taxa Selic em 1,5 ponto percentual ontem, o BC sinalizou novo aperto, na mesma magnitude, em fevereiro do ano que vem. O governo federal, enquanto isso, começa amanhã a pagar os R$ 400 do Auxílio Brasil, fazendo com que milhões de famílias tenham algum alento em relação às dificuldades financeiras e também possam celebrar os festejos de final de ano.
Se foi possível obter melhores indicadores na área, com impacto na vida real, é preciso acreditar que se possa também melhorar o desempenho na educação e na saúde