Por Alfredo Fedrizzi, conselheiro, consultor e jornalista
Vivemos em uma época de maior paz e menores índices de violência física da história do mundo. Mas ainda há muita gente que sofre todo tipo de discriminação. Crianças morrem de causas evitáveis. Milhões morrem de overdose, se suicidam, sofrem de ansiedade e de doenças “modernas”. Vivemos um sofrimento epidêmico. Uma doença social.
Muitos dos sofrimentos têm origem nas relações com chefias, líderes ou pais. A maioria está dentro das empresas e poderia ser desnecessária. O que nós, como indivíduos ou organizações, estamos fazendo para mudar esta realidade? Este raciocínio é de Raj Sisódia, um dos maiores especialistas em gestão do mundo, que acaba de lançar The Healing Organization (A organização que cura). Ele mostra que podemos curar nossas famílias, comunidades, empresas, países, o planeta. Podemos aliviar o sofrimento de alguém. Quanta dor poderá estar causando uma decisão nossa, como líderes ou pais? Lidamos com emoções. E se não somos parte da cura, provavelmente somos parte da dor.
Pessoas estressadas na empresa levam o estresse para suas casas e trazem de volta quando retornam ao trabalho. Precisamos mudar o jeito de fazer negócios. Parar de usar as pessoas como objetos. Vivemos um capitalismo sem consciência, um sistema injusto, que beneficia poucos. É necessário colocar as pessoas no centro porque a dignidade humana é o maior valor. Que tipos de sacrifícios levamos as pessoas a fazer? Precisamos mudar o jeito de trabalhar. E não se trata de fazer ioga ou massagem no trabalho. Não apenas levar em conta os resultados alcançados pelas empresas, mas o quanto isso significou de sofrimento para quem os gerou.
O trabalho em si pode ser um trabalho de cura. Como fazer? Examinar os motivos que levam as pessoas a deixar de trabalhar na empresa, as condições em que vivem nossos colaboradores. Que tipo de doenças eles e seus familiares próximos desenvolvem? Há muitas empresas com regras desumanas. E ter uma empresa que cura ou que adoece as pessoas depende de quem a lidera. Se tem interesse pelas pessoas. Existem sociopatas comandando negócios. Gente que se preocupa só com números e não com as pessoas, nem com as consequências de seus atos. Mas já temos empresas que se ocupam também dos filhos dos seus funcionários, porque impacta diretamente no desempenho da equipe. Atitudes assim atraem os melhores talentos. Dalai Lama diz: “Nosso principal propósito na vida é ajudar os outros. Se você não pode ajudá-los, pelo menos não lhes cause dor”. O que estamos fazendo nos nossos negócios?
O que podemos aceitar e tolerar? “Cuide das pessoas. Elas cuidarão dos negócios”, diz Sisódia.