Por Ricardo Hingel, economista
Conselhos de administração devem ser os principais responsáveis pela definição das estratégias das empresas que os têm em suas estruturas. O entendimento dos impactos destas estratégias sobre o caixa é fundamental de ser entendido.
Embora importante, o patrimônio das empresas, especialmente quando compreendidas suas imobilizações, prédios, máquinas e mesmo diversos intangíveis, pouco pode valer se suas operações não gerarem fluxo de caixa. O capital investido precisa trabalhar e se transformar em fluxo de caixa. O acúmulo de caixa, até um nível adequado, é tão ou mais importante do que imobilizações. Muitas empresas apresentam patrimônios consideráveis, mas podem ter dificuldades ou se inviabilizarem se a liquidez apertar, podendo chegar à insolvência.
A estrutura de capitais adequada deve ser entendida e analisada. No desenho estratégico, compreendido o financeiro, parte-se de uma situação presente, definem-se os alvos, analisando-se os aspectos mercadológicos, que avaliam questões de mercado, do cenário econômico, do setor em que a empresa compete, de sua capacidade comercial de manter ou expandir suas vendas e mesmo questões tecnológicas. Na prática, o que estas empresas necessitam fazer é permanentemente revisitar seus planos de negócios.
Os planos de negócios determinam os usos de recursos para operações desejadas. Na sequência, o financiamento destes planos demanda as fontes necessárias e compreende capitais próprios e de terceiros. Estes planos elaborados, juntando seus usos e fontes, devem se mostrar exequíveis, gerando retornos adequados para seus acionistas que podem ou não aprová-los. O plano de negócios deve conversar com a estrutura de capitais das empresas, em especial analisando seu endividamento. Bem usado, o crédito faz bem, mas, em excesso, com prazos e taxas inadequadas, pode inviabilizá-las. Dívidas geram custos financeiros que devem ser cobertos pela geração de caixa das operações. Muitas empresas carregam dívidas estéreis, que são créditos tomados que não retornaram e que permanecem em seus passivos, gerando despesas.
Os conselhos de administração necessitam ter esta visão completa das estratégias propostas e dos impactos da estrutura de capital e de seus riscos de execução para definirem seus planejamentos, pois as diretorias executivas, na maior parte dos casos, são mais operacionais e executoras de planos estratégicos definidos. Uma clara visão do caixa e do seu fluxo, além do endividamento, é fundamental para a perpetuidade de qualquer negócio e do desempenho das administrações.