Por Patrícia Marins, gestora de crises de alto risco reputacional e coautora do livro “Muito além do Media training, o porta-voz na era da hiperconexão”
O Auto da Compadecida 2, que acaba de estrear nos cinemas, resgata a essência de um Brasil que todos deveriam conhecer. A nova adaptação da obra do mestre Ariano Suassuna reafirma a força da cultura brasileira e é uma aula para quem deseja entender a arte de comunicar em um país tão plural.
Para bem comunicar o que é o Brasil, é preciso primeiro compreendê-lo melhor. Suassuna, com seu universo literário em que habita uma brasilidade universal, nos ajuda nessa caminhada.
Chicó e João Grilo mostram como saber se comunicar pode ser a arma certeira para sobreviver às adversidades e prosperar em um ambiente hostil
Chicó e João Grilo mostram como saber se comunicar pode ser a arma certeira para sobreviver às adversidades e prosperar em um ambiente hostil. A dupla traz poderosas lições a qualquer líder: o sucesso não vem de uma postura rígida, mas da capacidade de se reinventar, ajustar o discurso e se conectar com diferentes públicos.
Nunca a comunicação exerceu um protagonismo tão decisivo e de tamanha complexidade. Na era da informação, comunicar é poder, e saber comunicar é o passaporte para a manutenção do poder.
Não é fácil navegar pelas águas tumultuadas da contemporaneidade, mas vale lembrar a máxima de Darwin, perfeitamente ilustrada nessa história de Suassuna: a sobrevivência não é necessariamente garantida ao mais forte, mas ao mais adaptável.
Na sociedade em que vivemos, é impensável supor que líderes políticos possam tomar decisões capazes de impactar a vida de milhares de pessoas entre quatro paredes, alheios aos apelos da imprensa e de cidadãos nas redes sociais.
Assim, seria quase inconcebível pensar a tomada de decisão pelo poder público sem a mediação da imprensa ou de produtores de conteúdo independentes. A manutenção de qualquer tipo de poder passa pela comunicação com um público cada vez mais amplo e diversificado, capaz de acessar os mais variados ambientes com poucos cliques no mouse do computador ou movimentos na tela de um smartphone.
Comunicar bem é reconhecer a força dessa diversidade como ferramenta para conectar, inspirar e transformar, criando pontes entre diferenças. É, enfim, dar voz a um Brasil que, como Suassuna nos mostrou, encontra sua riqueza maior na pluralidade.