Por Leonardo Secchi, doutor em Ciência Política pela Universidade de Milão (Itália)
O avanço da tecnologia vem transformando o consumo de informações, a busca por conhecimento, até mesmo as relações e impactando diretamente na aprendizagem. O uso do smartphone em sala de aula hoje é uma diferença significativa na educação tanto quanto o Uber no transporte, o Airbnb na locação de imóveis, a Netflix na televisão e as Startups na economia.
O nosso papel diante disso, enquanto educadores, é acompanhar esses avanços, nos adequar às novas plataformas e utilizar a tecnologia a nosso favor. É neste cenário que nos surge um desafio pedagógico: como os livros didáticos podem interagir com a tecnologia?
A resposta é exatamente esta: interação. Não acredito que os livros físicos serão substituídos pelos aplicativos, mas penso que eles devem ser complementares. Isso porque, se por um lado o smartphone e a interação tecnológica geram oportunidades para tornar a aprendizagem mais dinâmica e mais atrativa, driblando a repetição mecânica, por outro, os livros fortalecem a capacidade de concentração e abstração do estudante.
O nosso grande desafio atual, portanto, é reestruturarmos a produção dos livros didáticos para que eles já tragam pontos de intersecção com a tecnologia, com aplicativos de aprendizagem, principalmente na relação teoria e prática. Este é um processo que já ocorre, mas que ainda necessita de avanços na mesma velocidade da internet, fortalecendo a relação fundamental de diálogo entre leitor e livro.
Como exemplo, cito os dois livros que publiquei sobre políticas públicas - Análise de Políticas Públicas. Diagnóstico de Problemas. Recomendação de Soluções e Políticas Públicas. Conceitos, Esquemas de Análise, Casos Práticos. Ambos se complementam e abordam de forma enfática a relação teoria e prática, porém quero que a próxima versão seja acompanhada de um aplicativo que permita a comparação em tempo real de políticas públicas em diferentes localidades. Por enquanto, isso ainda é um sonho, mas desejo vê-lo concretizado em breve.
Até lá, os debates na área seguem e os desafios para os professores idem. No meio disso tudo, continuamos com uma certeza: não é inteligente lutar contra o avanço tecnológico, tampouco falar em aprendizagem sem relacionar o conteúdo com o cotidiano. Teoria e prática devem andar juntos e na mesma velocidade.