Por Jessica Colvara Chacon, professora, vencedora do Prêmio RBS de Educação 2015
Seria possível prever os avanços tecnológicos que estão por vir? Quais impactos terão na aprendizagem? Antigos, mas em vigor, lápis, papel, borracha também podem ser considerados recursos tecnológicos e, provavelmente, remetem a conceitos como escrita, alfabetização e escola. Estamos diante de outro tipo de conectividade; não a tecnológica, mas a conexão interpessoal, principalmente em relação à educação.
De nada adiantará a seleção de um conteúdo ou metodologia se o aluno não estiver envolvido emocionalmente
Nesse cenário, vale a indagação: o que mais o marcou quando era um aluno? Os recursos que o professor utilizava (matriz, quadro, mapa); os conteúdos específicos de uma disciplina (fórmula, relevo, verbo); os momentos de interação (passeio, elogio, cobranças).
O que vai determinar a escolha de uma das alternativas é o significado atribuído a elas. E só é significativo para uma pessoa aquilo que a tocou com sentimento — podendo ser positivo ou negativo. Dentre os diferentes sentimentos, o afeto é determinante para o sucesso do processo de aprendizagem, por isso a importância de se falar em educação afetiva escolar.
De nada adiantará a seleção de um conteúdo ou metodologia se o aluno não estiver envolvido emocionalmente. Para tanto, a afetividade precisa acontecer na relação professor-aluno, auxiliando a construção da empatia.
O carinho por uma professora contribuirá para o aluno se dedicar mais às tarefas. O afeto por um aluno incentivará mais o professor a buscar estratégias diversificadas para mediar o aprendizado. Isto é, a afetividade promove a humanização das relações interpessoais — por mais redundante que isso pareça.
Faz-se necessário então refletir sobre outro tipo de conectividade. Trata-se da conexão de pensamentos, ideais, objetivos, valores. Ao professor cabe valorizar o saber prévio do aluno, sua história e personalidade para, a partir disso, ampliar os horizontes dos estudantes. Tal missão só é possível caso vínculos sejam estabelecidos.
Cabe a todos entendermos que a complexidade da vida prática vai além de conhecimentos teóricos. A conectividade que devemos esperar é aquela que enxerga o ser humano de forma integral e que busca uma relação harmônica para que todos aprendam coletivamente a buscar soluções conjuntas. Uma educação afetiva - escolar ou não — é excelente aliada para a formação de cidadãos mais conscientes do seu papel na sociedade.