Por Mauro Mastella, professor da UFCSPA — Doutor em Administração
Como professor universitário, observo graves falhas na formação dos alunos que chegam ao ensino superior. Para que se prepare a educação do futuro é necessário primeiramente transcender a mera discussão do currículo: a adequada gestão dos recursos humanos que trabalham nas escolas é imprescindível. Por um lado, a formação de docentes deve também prepará-los para o uso de metodologias ativas e técnicas de problematização que relacionem os conteúdos às realidades regionais. Sem isso, a aprendizagem perde o sentido e afasta os estudantes da beleza de aprender.
Preparar as crianças em temas como fomento ao empreendedorismo e inovação e noções gerais de finanças pode contribuir para que se tornem agentes de mudança em suas comunidades, profissões e vidas pessoais e ainda colaborando para a melhor gestão do orçamento da família e para o combate ao endividamento excessivo. A baixa qualidade do aprendizado de conceitos matemáticos e aspectos quantitativos do conhecimento pode ser combatida com um ensino que dê sentido ao conteúdo.
Além disso, os professores dirigentes das escolas devem ser preparados para atuar nesta posição em cursos de gestão que permitam não só apenas a difusão do conhecimento de administração, mas também o desenvolvimento de habilidades e atitudes necessárias à esta posição. A difusão das melhores práticas poderia ocorrer através de estágios profissionais em escolas de elevado desempenho, por exemplo.
A baixa qualidade do aprendizado de conceitos matemáticos e aspectos quantitativos do conhecimento pode ser combatida com um ensino que dê sentido ao conteúdo
É necessário admitir que muitos problemas que estouram nas escolas são oriundos de falhas das políticas públicas em outras esferas. Se por um lado é edificante fornecer alimento de qualidade para a nutrição dos alunos de séries iniciais, ao mesmo tempo é vergonhoso admitir essa refeição é um dos motivos de atração das crianças às escolas. Será difícil construir a escola do futuro sem adequada coordenação com as demais políticas de melhoria da distribuição de renda, segurança e saúde públicas.