A presidência finlandesa da União Europeia (UE) exigiu do governo britânico a apresentação de uma proposta por escrito sobre o Brexit até o fim de setembro. A advertência desta quinta-feira (19) partiu do primeiro-ministro finlandês, Antti Rinne.
"Na opinião do primeiro-ministro Rinne, o Reino Unido deve apresentar uma proposta por escrito até o fim de setembro", informou em uma mensagem enviada à AFP um porta-voz do chefe de governo.
O ultimato, contudo, foi rejeitado por Londres — que classificou a determinação como um "prazo artificial".
— Apresentaremos soluções escritas formais quando estivermos preparados, não em função de um prazo artificial — afirmou um porta-voz do primeiro-ministro britânico, Boris Johnson.
Na quarta-feira (18), líderes da UE pediram a Londres que não "atue como se estivéssemos negociando" para evitar um divórcio brutal entre o Reino Unido e a UE. Também advertiram os eurocéticos britânicos que terão que prestar contas.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, alertou que "o risco de uma retirada sem acordo ainda continua sendo muito real", em um discurso no Parlamento Europeu em Estrasburgo, França. No mesmo dia, Antti Rinne declarou que "qualquer proposta" do Reino Unido deveria "ser apresentada a curto prazo para permitir o debate".
— Mas também temos que estar preparados para um Brexit sem acordo — disse o premiê finlandês, após uma reunião com o presidente francês, Emmanuel Macron.
Prazo chegando ao final
Os 28 países da UE se reunirão em 17 e 18 de outubro em Bruxelas. A data prevista para o Brexit é 31 de outubro.
— O tempo está acabando para negociar um acordo — advertiu nesta quinta-feira uma fonte diplomática francesa. — Não vamos negociar diretamente no Conselho Europeu em meados de outubro — completou.
No início da semana, o governo francês havia dito que ainda existiam muitas hipóteses sobre o Brexit, afirmando aguardar "propostas britânicas precisas".
— Neste nível, não podemos afirmar hoje se estaremos em posição ou não de ter um acordo e nos preparamos para todos os cenários possíveis, incluindo um Brexit sem acordo — avisou.
Mais de três anos depois do referendo em que quase 52% dos britânicos apoiaram o Brexit, o Reino Unido não consegue encontrar a maneira de concretizar o primeiro divórcio na história do projeto europeu. Johnson deseja uma saída sem acordo — apesar das previsões alarmantes sobre a escassez de alimentos e remédios e do risco de distúrbios públicos.
A fronteira entre a província britânica da Irlanda do Norte e da República da Irlanda é a principal barreira nas negociações. Londres exige a supressão do "backstop" — mecanismo destinado a impedir o retorno dos controles na fronteira entre a Irlanda do Norte e a República da Irlanda após o Brexit. Neste caso, a UE deseja que o governo britânico apresente soluções alternativas ao dispositivo, previsto para manter o Reino Unido em um "território alfandegário único", caso não existam mais opções.
Também nesta quinta-feira, a Suprema Corte britânica informou que pretende anunciar "no início da próxima semana" sua decisão sobre a legalidade da decisão polêmica de Boris Johnson de suspender o Parlamento. A presidente da Suprema Corte, Brenda Hale, ressaltou que a questão "não é simples", mas que que o caso "deve ser resolvido o mais rápido possível".
O primeiro-ministro é acusado por seu detratores de ter adotado essa medida para pressionar a oposição e precipitar uma saída da UE sem acordo. Ele justifica essa suspensão até 14 de outubro, duas semanas antes da data do Brexit, pela necessidade de preparar e apresentar seu plano de política interna.