Líderes da União Europeia (UE) advertiram nesta quarta-feira (18) para o risco "muito real" de um Brexit sem acordo, a 43 dias da data prevista para o divórcio com o Reino Unido, e pediram uma verdadeira negociação entre Londres e Bruxelas.
— O risco de uma retirada sem acordo continua sendo muito real, um cenário que nunca será a opção da UE — afirmou o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, na Eurocâmara em Estrasburgo (França).
O acordo do Brexit, concluído em novembro pela então primeira-ministra britânica Theresa May e rejeitado em três votações pelo parlamento da Grã-Bretanha, está em ponto morto desde então. Seu sucessor em Londres, Boris Johnson, exige a retirada do pacto da "salvaguarda irlandesa", mecanismo que pretende evitar o retorno de uma fronteira para produtos entre a Irlanda e a província britânica da Irlanda do Norte.
Mas os europeus, que consideram este mecanismo de último recurso essencial para proteger os acordos de paz da Sexta-Feira Santa de 1998 e a integridade do mercado interno europeu, exigem de Johnson alternativas ao que havia sido acordado com May.
O premier britânico e o presidente da Comissão Europeia se reuniram na segunda-feira em Luxemburgo, quando o governo do Reino Unido esboçou "os aspectos da salvaguarda que não o agradam", explicou o principal negociador europeu, Michel Barnier.
— Isto não é suficiente para alcançar uma solução. Precisamos de uma solução juridicamente operacional no acordo de retirada, que aborde cada um dos riscos — declarou Barnier aos eurodeputados.
Quase 52% dos eleitores britânicos apoiaram o Brexit em um referendo em junho de 2016, mas, três anos depois, o Reino Unido continua sem conseguir encontrar a maneira de concretizar o primeiro divórcio na história do projeto europeu. Os opositores de Johnson o acusam de tentar ganhar tempo com as discussões com Bruxelas para anunciar um divórcio sem acordo
— Quase três anos depois do referendo, não se trata de agir como se estivéssemos negociando — afirmou Barnier, sem mencionar o Reino Unido. — Nos compete continuar este processo com determinação — completou.
A Eurocâmara pretende exigir nas próximas horas em uma resolução que um acordo não pode ser alcançado sem uma solução clara para a fronteira na ilha da Irlanda e que o Reino Unido seria o responsável por um eventual divórcio "duro".